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Delator envolve Eike em esquema de propinas na Petrobras

Segundo Musa, a licitação para as contratações de dois navios-plataforma, P-67 e P-70 foram fraudadas pelo consórcio Integra, formado pela Mendes Jr e pela OSX


	Eike Batista: segundo Musa, a licitação para as contratações de dois navios-plataforma, P-67 e P-70 foram fraudadas pelo consórcio Integra, formado pela Mendes Jr e pela OSX
 (Douglas Engle/Bloomberg News)

Eike Batista: segundo Musa, a licitação para as contratações de dois navios-plataforma, P-67 e P-70 foram fraudadas pelo consórcio Integra, formado pela Mendes Jr e pela OSX (Douglas Engle/Bloomberg News)

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Da Redação

Publicado em 30 de setembro de 2015 às 15h11.

São Paulo - O ex-gerente-geral da área Internacional da Petrobras e novo delator da Lava Jato, Eduardo Vaz Costa Musa, afirmou à força tarefa que a empresa OSX, braço do grupo EBX, de Eike Batista, que atua no setor naval, participou do esquema de cartelização e pagamentos de propinas na Petrobras para disputar licitações na diretoria Internacional da estatal petrolífera.

O delator, contudo, disse não ter conhecimento se Eike sabia do esquema.

Segundo Musa, em 2012, quando já havia deixado a estatal e trabalhava como diretor de construção naval da OSX, a licitação para as contratações de dois navios-plataforma, P-67 e P-70 foram fraudadas pelo consórcio Integra, formado pela Mendes Jr e pela OSX.

O consórcio acabou vencendo a licitação de mais de US$ 900 milhões na época.

De acordo com o delator, ocorreram reuniões entre representantes da Mendes Jr e da empresa do grupo EBX, incluindo ele e o CEO da OSX Luiz Eduardo Carneiro, para discutir o acerto de propinas a João Augusto Henriques, apontado como operador de propinas do PMDB na Diretoria Internacional.

O delator afirmou que Luiz Eduardo Carneiro mantinha contato com Eike, mas disse aos investigadores que não poderia confirmar se o dono do grupo EBX tinha conhecimento do esquema na Petrobras.

Em um destes encontros, relata, o diretor de Desenvolvimento de Negócios da Mendes Jr, Luiz Cláudio Machado Ribeiro "trouxe a informação que o consórcio teria que pagar propina para o lobista João Augusto Henrique que, em troca, forneceria informações privilegiadas de dentro da Petrobras para orientar a formação da proposta técnica", disse aos investigadores da Lava Jato.

De acordo com Eduardo Musa, o valor acertado no encontro foi de R$ 5 milhões. O delator não soube explicar como foram feitos os pagamentos por parte da Mendes Jr, mas admitiu que João Henriques tinha relação com o PMDB e influenciava na Diretoria Internacional, tendo atuado para indicar o ex-diretor Jorge Luiz Zelada, que ficou no cargo de 2008 a 2012, e outros executivos da área.

Um dos encontros para discutir a propina teria ocorrido na sede da OSX, no Rio de Janeiro, e, segundo o delator, as informações privilegiadas "eram trazidas por Luiz Cláudio (da Mendes Jr), de forma verbal e consistiram em saber:

1) Quem eram os concorrentes mais importantes, que eram Jurong Kepel Fells, Engevix e outro consórcio que o declarante não se lembra o nome;

2) informação sobre estimativa de preços que deveria ser apresentada pelo consórcio;

3) viabilidade do canteiro de obras (tinha que ser um lugar que a Petrobras aprovasse);

4) estratégia da comissão de licitação, que consistia saber o que eles iriam pedir, como por exemplo as informações complementares que seriam solicitadas pela comissão, possíveis alterações no cronograma, dentre outras coisas".

Ainda segundo Musa, o executivo da Mendes Jr se encontrou pessoalmente com João Henriques durante "todo o ano de 2012" para obter as informações privilegiadas.

Eduardo Musa disse ainda que depois de deixar a OSX, em maio de 2012, foi informado por Luiz Cláudio que "João Augusto Henriques estaria insatisfeito com o não recebimento de propinas e que ele estaria fazendo cobranças".

O delator, contudo, não soube dizer quanto efetivamente foi pago de propina ao lobista do PMDB.

A reportagem entrou em contato com a defesa de Eike Batista, mas o advogado estava em um compromisso forense e não pode retornar os contatos. A OSX ainda não retornou os contatos da reportagem.

A Mendes Jr informou que "a empresa não se pronuncia sobre inquéritos e processos em andamento".

Nota de EXAME.com

A Sete Brasil enviou a seguinte resposta a EXAME.com:

"O presidente da Sete Brasil, Luiz Eduardo Carneiro, nega de forma veemente que tenha participado de encontro ou reunião para discutir qualquer vantagem ou pagamento indevidos a empresas, partidos ou pessoas; em qualquer tempo ou período de sua trajetória profissional.

Carneiro desconhece por completo os fatos supostamente narrados pelo sr. Eduardo Musa, divulgados à imprensa nesta quarta-feira (23), como sendo referentes a trecho de depoimento de delação premiada.

Diante do publicado hoje, o executivo da Sete Brasil já entrou em contato com seus advogados para tomar as medidas cabíveis e se coloca, desde já, à disposição da Justiça para prestar todo e qualquer esclarecimento que se faça necessário."

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