Ernesto Araújo durante posse: o chanceler indicou ainda que o Brasil não permitirá que "o globalismo mate sua alma" (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
EFE
Publicado em 2 de janeiro de 2019 às 22h11.
Brasília - O novo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, assumiu formalmente seu cargo nesta quarta-feira e declarou sua "admiração" por Israel, Estados Unidos, a "nova" Itália e a Polônia, assim como pelos países latino-americanos que se "libertaram" da esquerda.
"Admiramos os que lutam pelas suas pátrias, admiramos o exemplo de Israel, que não deixou de ser uma nação porque não tinha solo; admiramos os Estados Unidos; a nova Itália, a Polônia, os países latino-americanos que se libertaram do Foro de São Paulo e os que lutam contra a tirania na Venezuela", declarou Araújo.
Diante de boa parte do corpo diplomático credenciado no país e toda a equipe do Ministério das Relações Exteriores, Araújo fez um discurso de conteúdo filosófico e religioso, com o qual explicou as linhas mestras da sua nova gestão e enalteceu a figura do presidente Jair Bolsonaro.
No âmbito comercial, propôs uma firme promoção das exportações brasileiras e, sobretudo, do setor agropecuário, e sugeriu que sejam planificados novos métodos de negociação de acordos.
"Em alguns casos negociamos acordos com modelos dos anos 90 e a partir dos anos 90", declarou, em uma aparente alusão às longas discussões para um tratado de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE), que é discutido há quase duas décadas.
Nesse marco, também destacou que o Brasil negociou sempre de uma posição de "fraqueza", mas que agora o fará "de uma posição de força", na sua qualidade de "grande produtor de alimentos", entre outros fatores.
"Há quem acredite que o Brasil não tem poder para nada. E somos um país universalista, mas isso não significa não ter opiniões nem querer agradar a todos, porque o Brasil não existe somente para agradar. Quer ser escutado e tem muito a dizer", salientou.
No campo político, um dos seus objetivos será somar o Brasil à "luta para reverter o globalismo", que buscar pôr interesses internacionais acima dos nacionais, e "levar a todas partes a sagrada liberdade".
Segundo disse Araújo, a atuação do país no sistema político multilateral "se orientará em função do que é importante para os brasileiros, não para as organizações não-governamentais", e os diplomatas do país defenderão "os direitos do ser humano" e, entre eles, "o direito a nascer".
O chanceler indicou ainda que o Brasil não permitirá que "o globalismo mate sua alma em nome da competitividade" e que isso será evitado "com a palavra", que é "tudo o que necessitamos".
Nesse sentido, citou também um versículo do evangelho de João que Bolsonaro usou durante sua campanha e que definirá agora a política externa do Brasil: "Conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres". EFE