Os ministros do STF, Marco Aurélio de Mello, Joaquim Barbosa, Cármen Lúcia e Luiz Fux, durante julgamento do Mensalão (Fabio Rodigues Pozzebom/ABr)
Da Redação
Publicado em 7 de novembro de 2012 às 16h12.
Brasília - Em sessão com novos atritos entre ministros do STF, a corte retomou nesta quarta-feira a análise da penas dos 25 réus condenados na ação penal do chamado mensalão com uma nova planilha organizada pelo relator, Joaquim Barbosa, que sugere a elevação da pena do empresário Marcos Valério a 47 anos de prisão.
O principal operador do esquema de compra de apoio parlamentar no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia recebido pena de 40 anos de prisão, que passaria para mais de 47 anos de reclusão com a nova planilha de Barbosa, de acordo com outros ministros que receberam o documento.
Antes do recesso de 12 dias no julgamento, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) concordaram com a condenação de Marcos Valério a 40 anos de prisão. Isso ainda pode ser revisto caso os ministros reconheçam que há continuidade delitiva, isto é, que os crimes aos quais Valério foi condenado estão ligados --e que acarretaria em uma diminuição final da pena.
A nova tabela do relator estabelece pena final ao empresário de 47 anos e dois meses de reclusão, além de mais de 1.500 dias-multa.
A defesa de penas altas por parte do relator fez o ministro Marco Aurélio Mello reagir, argumentando que as penas mínimas não estavam sendo respeitadas. Barbosa reagiu sorrindo, o que irritou o colega.
"Não sorria, ministro, que a coisa é muito séria. O deboche não calha... Escute para depois retrucar", disse Marco Aurélio.
Barbosa revidou: "Eu sorrio quando bem assim o deliberar." O ministro Marco Aurélio, Por sua vez, rebateu: "Não admito que suponha que todos são salafrários e só vossa excelência seja vestal." As divergência sobre os critérios de cálculo das penas, a dosimetria, levaram os ministros a novas trocas de farpas. Barbosa e o revisor, Ricardo Lewandowski, voltaram a discutir.
"Ministro, não crie frases de efeito...Nós estamos num julgamento sério", disse o revisor.
Até o a metade da tarde desta quarta-feira, os ministros não haviam concluído a apresentação da pena do segundo dos 25 réus, Ramon Hollerbach, sócio de Marcos Valério.