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Nova política não é falta de diálogo, afirma Skaf

Segundo ele, há também uma preocupação da classe produtiva sobre a aprovação da reforma da Previdência

Paulo Skaf: presidente da Fiesp afirma que governo Bolsonaro merece um crédito de confiança (Kenia Hernandes/VEJA)

Paulo Skaf: presidente da Fiesp afirma que governo Bolsonaro merece um crédito de confiança (Kenia Hernandes/VEJA)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de abril de 2019 às 10h10.

Última atualização em 15 de abril de 2019 às 10h12.

São Paulo - Superado na reta final do primeiro turno das eleições de 2018 ao governo por Márcio França (PSB) e João Doria (PSDB), o presidente da Fiesp, Paulo Skaf (MDB), afirmou que o governo Bolsonaro merece um crédito de confiança, mas fez um alerta que repercute o pensamento do empresariado: a nova política defendida pelos bolsonaristas não deve ser confundida com falta de diálogo.

Segundo ele, há uma preocupação da classe produtiva sobre a aprovação da reforma da Previdência. Ao jornal O Estado de S. Paulo, ele ainda defendeu que o MDB mude de nome.

A Fiesp foi para a rua contra o governo Dilma e fez protestos contra medidas do governo Michel Temer, mas tem poupado Bolsonaro. A Fiesp está alinhada com Bolsonaro?

No governo Temer teve uma reação muito forte quando houve uma ameaça de aumento de impostos. Independente de governos, nós defendemos princípios. O governo Bolsonaro tem três meses. A gente não quer criticar governo, mas que o Brasil dê certo. Temos e sempre tivemos muita independência. Esse governo está muito no início. Há poucos dias me perguntaram sobre ministério e eu respondi que estava satisfeito e feliz vendo o movimento do ministério da Economia, mas preocupado com o MEC. O governo tomou uma atitude com a mudança de ministro. A Fiesp não vai sair criticando o governo com três meses.

Esse governo, que viu sua popularidade cair em três meses, tem algum problema? Ouvindo o sr. parece que esta em céu de brigadeiro...

Quero ver resultados na Educação, mas começou uma grande reestruturação e redução de ministérios. Tenho certeza que o governo quer acertar. Espero que o diálogo com o Congresso seja melhor. Nova política não é falta de diálogo. Nova política é dialogo, serenidade e transparência. É fazer as coisas de forma séria. Tem muito o que melhorar em relação ao diálogo. Tem de se dar um tempo de afinamento. Política é sinônimo de diálogo e paciência. Democracia vive com política. Dar as costas à política é dar as costas à democracia.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, trava uma disputa com líderes das principais entidades do Sistema S, que ele critica. A Fiesp não vai se posicionar?

A Fiesp não fala em nome do sistema S, mas do Sesi e Senai de São Paulo. Sistema S é uma coisa muita abstrata.

Como está a relação dos empresários com o Bolsonaro?

O clima da classe produtora com o governo federal é de expectativa. Nem de otimismo, nem de pessimismo. A expectativa das reformas da Previdência e tributária, do ajuste fiscal. Preocupados, naturalmente, todos estamos. Há uma preocupação que as reformas sejam aprovadas e pela retomada do crescimento. O governo está começando. Três meses é pouco tempo.

O temperamento do presidente e suas declarações polêmicas causam apreensão?

O governo e o Congresso estão preocupados com esse momento de transição. Não é uma preocupação negativa, mas positiva. Temos de dar um voto de confiança para ele e ao governo dele.

A agenda ideológica do governo pode atrapalhar as reformas? A ideia de levar a embaixada para Jerusalém causou uma forte reação do mundo árabe...

O governo brasileiro não falou em abrir uma embaixada, mas um escritório.

Falou em embaixada, mas depois recuou...

Um país como Austrália, que depende da venda de carne aos países árabes, tomou posição, mas não fecharam as portas. Não é motivo. Não senti que houve desrespeito aos países árabes. Não podemos fechar portas.

O governo não perde o foco quando fala o tempo todo em caçar esquerdistas?

Essa questão ideológica não importa. Ele é o presidente de todos os brasileiros. Talvez ainda haja uma ressaca da eleição do ano passado. Temos pautas mais importantes do que essa.

Bolsonaro e seu chanceler Ernesto Araújo já disseram que o nazismo foi um movimento de esquerda. Foram declarações infelizes?

Não quero entrar nesse campo. Sinceramente, esse é um debate totalmente inócuo agora.

O que achou da decisão de exaltar o golpe de 1964?

Temos pautas mais importantes para serem tratadas no País. Estamos em uma democracia, e isso pressupõe que as pessoas tenham liberdade de se manifestar.

O projeto de reforma da Previdência apresentado por Temer era melhor do que o de Guedes?

Não faço comparações. Não é o caso. O que temos na mão é essa reforma. O projeto apresentado pelo ministério da Economia é muito bom. O impacto fiscal está acima R$ 1 trilhão em dez anos. Há uma pequena gordura. Não adianta fazer uma reforma de faz de conta. Se for muito deformada, pode não fazer o efeito que o Brasil precisa.

Como avaliou a prisão do Temer?

Uma situação desagradável para o País. Nesse caso, com controvérsias.

O que o MDB precisa fazer para mudar sua imagem?

A imagem é ruim do MDB, PT, PSDB e de todos os partidos. Não vejo partido com imagem boa. Em relação ao MDB, o partido precisa se reinventar. Mudar suas direções nacionais, se repaginar e eu mudaria até o nome.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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