Juliana Marins (Instagram/Reprodução)
Agência de notícias
Publicado em 1 de julho de 2025 às 12h25.
Última atualização em 1 de julho de 2025 às 12h45.
O corpo de Juliana Marins, brasileira de 26 anos que morreu durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, deve chegar em São Paulo por volta das 17h15 desta terça-feira, 1º, e terá até 6 horas para ser periciado novamente.
A previsão de chegada consta na programação oficial da Emirates, companhia responsável pelo traslado, que tem apenas esse voo previsto entre Dubai — conexão obrigatória na saída de Bali — e o Aeroporto de Guarulhos para esta terça.
A família solicitou uma nova autópsia com o objetivo de confirmar o horário da morte e investigar se houve omissão no socorro prestado pelas autoridades indonésias. O pedido, feito pela Defensoria Pública da União (DPU), foi encaminhado à Justiça Federal, que deve decidir ainda nesta terça, em audiência marcada para as 15h, na 7ª Vara Federal de Niterói.
Na segunda-feira, a família de Juliana Marins pediu, com a ajuda da Defensoria Pública da União (DPU-RJ), e da prefeitura de Niterói, uma nova autópsia do corpo da brasileira, para confirmação da data e horário da morte. A nova perícia tem objetivo de apurar se houve omissão na prestação de socorro pelas autoridades indonésias.
"Com auxílio da GGIM da prefeitura de Niterói, acionamos a Defensoria Pública da União (DPU-RJ), que imediatamente fez o pedido na Justiça Federal solicitando uma nova autópsia no caso da minha irmã, Juliana Marins. Acreditamos no Judiciário Federal brasileiro e esperamos uma decisão positiva nas próximas horas", disse a irmã de Juliana, Mariana Marins, ao O Globo.
Ainda na segunda, a Defensoria Pública da União (DPU) confirmou que protocolou petição junto à Justiça Federal solicitando a realização de nova perícia médico-legal no corpo de Juliana Marins, em até 6 horas a partir do desembarque do corpo em território brasileiro. O pedido foi apresentado durante o plantão judicial no domingo, 29.
Por sorteio, ainda na segunda-feira, a 7ª Vara Federal de Niterói foi a escolhida para decidir, nesta terça-feira, em uma audiência marcada para as 15h. A audiência, de acordo com a Justiça Federal, foi convocada para discutir como viabilizar o pedido feito pela DPU.
A Polícia Federal também registrou disponibilidade para colaborar, por exemplo, com o traslado do corpo até o Instituto Médico Legal (IML) que for designado, caso seja essa a medida definida pelas instituições.
Mariana afirma ainda que a família não queria adiar por mais tempo a despedida de Juliana Marins; no entanto, as desconfianças geradas pela negligência no resgate levaram os parentes a exigirem nova autópsia, com o intuito de compreender o que aconteceu com a publicitária.
"A gente não tem certeza de muita coisa, porque foram muitos descasos. Não queríamos dar mais esse passo, mas infelizmente entendemos ser necessário para sabermos o que realmente aconteceu com a Juliana", afirma Mariana.
O corpo de Juliana Marins será transportado de Dubai — conexão obrigatória na saída de Bali — para São Paulo nesta terça-feira. A informação foi confirmada pela companhia de aviação Emirates. A previsão, segundo a programação oficial da companhia, é de que Juliana chegue até 17h30 no Aeroporto de Guarulhos.
"A Emirates informa que, em coordenação com a família, novos preparativos foram feitos para o transporte do corpo de Juliana Marins, cidadã brasileira que faleceu na Indonésia. O corpo chegará em São Paulo no dia 1º de julho, diz a nota.
No domingo, a família havia informado que enfrentava dificuldade no processo de repatriação do corpo. Mariana Marins usou as redes sociais para cobrar a companhia aérea Emirates pelo atraso no traslado. De acordo com a irmã de Juliana, os restos mortais não foram embarcados sob a alegação de superlotação no bagageiro.
"O voo que traria Juliana já estava confirmado, estando tudo pago e acertado, sairia de Bali no domingo, às 19h45. Porém, misteriosamente, o bagageiro ficou “lotado”, e a Emirates disse que só traria Juliana em outro voo se fosse até São Paulo. Que não se responsabilizaria pela chegada dela ao Rio. Está muito difícil", lamentou no domingo Mariana Marins, ao O Globo.
Segundo Manoel Marins, pai da turista brasileira, a Juliana só chegará no Rio na quarta-feira, por conta de um problema operacional. Inicialmente, o corpo de Juliana iria no mesmo voo no qual ele voou e chegou na tarde desta segunda-feira. Uma demora que aumenta o nervosismo da família neste momento.
"Fomos informados de que ela pegaria um voo que já saiu, em direção a Dubai. Depois, ficaria 27 horas em escala, mas não tivemos a confirmação do embarque dela. Isso gera uma agonia extra, mas vamos ter fé de que dará tudo certo", completa.
A autópsia realizada na quinta-feira, 26, no corpo de Juliana Marins foi divulgada na última sexta-feira, 27, pelo Hospital Bali Mandara, em Denpasar, na Indonésia, onde o exame foi feito. Em entrevista à imprensa local, o médico legista Ida Bagus Alit concluiu que a causa da morte foi um trauma, com fraturas, lesões em órgãos internos e hemorragia intensa. Ele respondeu a perguntas sobre os ferimentos e o tempo estimado entre o impacto e o óbito, estimado em cerca de 20 minutos após o trauma.
Apesar dos detalhes apresentados sobre os danos ao corpo, ainda não está claro qual das quedas provocou a morte, nem o local exato onde isso ocorreu. A nova perícia, solicitada pela família, pode ajudar a esclarecer essas dúvidas. O Globo reuniu, ponto a ponto, o que foi dito pelo legista e o que ainda precisa ser explicado.
"A partir das fraturas ósseas ocorreram danos aos órgãos internos e sangramento. Com isso, podemos concluir que a causa da morte foi um trauma contuso que causou danos aos órgãos internos e hemorragia". Então, a causa provisória da morte é trauma contuso que resultou em fraturas, danos internos e hemorragia. Quanto ao tipo de trauma, foi causada por objeto contundente. Mas reforço que estamos falando de 'trauma contuso', e não necessariamente de um objeto específico, pois eu não vi o objeto. Objeto contundente é qualquer coisa com superfície relativamente lisa e sólida. A maioria dos ferimentos são escoriações por atrito, ou seja, o corpo da vítima foi arrastado ou sofreu contato com superfícies duras".
"Talvez seja importante esclarecer que não encontramos nenhuma evidência de que a morte tenha ocorrido muito tempo depois dos ferimentos. Vou repetir: não encontramos sinais de que a vítima tenha morrido muito tempo depois dos ferimentos. É relativo, mas estimamos que não passou de 20 minutos após o trauma".
"Posso explicar, por exemplo, que havia uma lesão na cabeça, mas ainda não havia hérnia cerebral, que geralmente leva de algumas horas a dias para acontecer. Isso indica que não houve tempo suficiente para isso ocorrer, o que reforça que a morte foi rápida. O mesmo vale para o tórax e abdômen."
"A hemorragia foi significativa, e os órgãos, como o baço, não apresentavam sinais de retração, que indicariam sangramento lento. Então, podemos afirmar que a morte ocorreu em um intervalo muito curto após os ferimentos".
"A morte ocorreu entre 12 e 24 horas, com base nos sinais de rigidez e coloração do corpo. Mas não podemos descartar interferências anteriores, como o corpo ter sido colocado em ambientes que retardam esses processos".
"Hipotermia é normalmente verificada por líquido nos olhos. Mas, como o corpo estava em estado avançado, não conseguimos realizar esse exame. Além disso, a quantidade de ferimentos e sangramentos nos permite descartar a hipotermia como causa".
"Porque o protocolo da autópsia exige exames complementares, como toxicologia. Isso não quer dizer que suspeitamos de envenenamento ou uso de substâncias, mas é uma exigência para termos certeza além de qualquer dúvida razoável". "Há padrões definidos para isso. Em geral, os resultados saem em até duas semanas".
"Repito: as evidências mostram que a morte foi quase imediata. Houve sangramento extenso, fraturas múltiplas e lesões em quase todo o corpo, inclusive nos órgãos do tórax e abdômen".
"A parte mais grave foi a que afetou o sistema respiratório: lesões no tórax, principalmente na parte de trás, que danificaram os órgãos internos".
"Pelo padrão das lesões por escoriação, condiz com uma queda".
"Por todo o corpo, principalmente nas costas, braços e pernas. Havia lesões na cabeça também".
"A mais grave foi nas costas. Mas como os ferimentos ocorreram quase simultaneamente, é o conjunto das lesões que levou à morte. A região das costas foi a mais afetada".
"Não. A causa direta da morte foi, com certeza, a violência. Houve grande quantidade de sangue na cavidade torácica, o que não se explica por inanição".