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Nos bastidores, governo Tarcísio vê com "tranquilidade" saída da Aegea da disputa pela Sabesp

A EXAME apurou que o fato de a Equatorial, empresa com boa reputação no mercado, ser a provável acionista de referência também agrada o governo

Sabesp: base de ativos regulatória da empresa é quase um recorde nacional (Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket /Getty Images)

Sabesp: base de ativos regulatória da empresa é quase um recorde nacional (Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket /Getty Images)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 27 de junho de 2024 às 18h39.

Última atualização em 27 de junho de 2024 às 18h48.

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O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) planeja realizar uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira, 28, após o fechamento do mercado, para anunciar o investidor de referência na privatização da Sabesp e explicar mais detalhes do processo. Com a notícia de apenas uma proposta oferecida, as ações da companhia estadual caíram 2% nesta quinta-feira, 27. Internamente, porém, o clima da gestão Tarcísio é de "tranquilidade" sobre a desistência da Aegea de apresentar a oferta para ser acionista de referência da Sabesp. Segundo fontes da administração ouvidas pela EXAME, não houve falta de concorrência no processo — e o desfecho da operação está longe do fracasso.

Como a EXAME Insight mostrou, a Equatorial foi a única empresa a colocar uma proposta para levar a fatia de 15% e vai ficar amarrada a um acordo de acionistas de cinco anos com o estado, que lhe dá o direito de indicar CEO e chairman da companhia. 

"Não é um leilão. Queremos um acionista de referência e vamos ter. Nada mudou", diz uma das fontes ligadas a Tarcísio.

A leitura da gestão estadual é de que o projeto previa a possibilidade de mais de uma proposta, e foi operacionalizado um processo para isso, mas a previsão inicial era de que uma única oferta seria satisfatória. A EXAME apurou que o fato de a Equatorial, empresa com boa reputação no mercado, ser a provável acionista de referência também agrada o governo.

No prospecto da oferta de ações, há três possibilidades: a realização com duas propostas de acionistas de referência; com apenas um acionista de referência; e uma oferta apenas com investidores de mercado.

Um dos motivos da saída da Aegea do páreo gira em torno da cláusula de "right to match", que permitia que o investidor que conseguisse o melhor preço na segunda etapa pudesse aumentar sua oferta inicial. A cláusula não agradou a companhia, pela percepção que ela favoreceria a Equatorial, que é listada e já é mais conhecida pelo mercado. 

Outra questão que pesou para a Aegea foram as cláusulas de non-compete — a companhia é a maior empresa privada de saneamento do país, com um pipeline agressivo de expansão, enquanto a Equatorial tem apenas uma concessão pequena no Amapá.

Como será o processo

Após o anúncio desta sexta-feira, o bookbuilding terá início em 1º de julho, e vai até 15 de julho, e nele serão oferecidos cerca de 17% das ações da Sabesp. Neste período, os investidores aptos a operar no mercado de ações, inclusive pessoas físicas, poderão apresentar ordens nos dois books abertos, por meio de suas corretoras.

O investidor de referência selecionado será divulgado no dia 15 de julho. Na sequência, em 18 de julho será fechado o preço final da oferta pública. A liquidação e o encerramento serão em 22 de julho.

A oferta pública de ações da Sabesp será conduzida pelos bancos coordenadores BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), Bank of America, Citi, UBS BB e Itaú BBA. A venda de ações será dividida em dois grupos:

  • O primeiro, de 15% dos papéis da Sabesp, será destinado ao investidor de referência.
  • O segundo lote, com cerca de 17% das ações, será aberto a todo o mercado, inclusive pessoas físicas, jurídicas e funcionários da companhia.

Não haverá oferta primária, o que significa que apenas ações que hoje são do governo de São Paulo serão ofertadas.

Nesta semana, Tarcísio e os secretários estaduais Rafael Benini (Parcerias e Investimentos), Natália Resende (Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística) e Lais Vita (Comunicação) participam de uma série de encontros com líderes de grupos privados e fundos globais de investimentos.

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