Presidente Jair Bolsonaro. (Marcos Corrêa/PR/Flickr)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 26 de novembro de 2021 às 07h15.
Para ganhar as eleições de 2022, duas regiões são consideradas essenciais: Nordeste e Sudeste. Juntas, elas concentram quase 150 milhões de habitantes, o equivalente a 70% da população brasileira, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É justamente nesses dois locais onde a desaprovação do governo do presidente Jair Bolsonaro (que anunciou que irá se filiar ao PL) é maior, se comparado com outras regiões.
Segundo dados da mais recente pesquisa EXAME/IDEIA, 66% dos nordestinos desaprovam o governo de Bolsonaro. Em janeiro, este percentual era de 40%. Já no Sudeste, são 54% as pessoas que não aprovam a maneira como o presidente administra o país. No começo do ano, eram 35%.
A pesquisa é um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. A sondagem ouviu 1.277 pessoas entre os dias 18 e 22 de novembro. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Clique aqui para ler o relatório completo.
Maurício Moura, fundador do IDEIA, classifica como “preocupante” o cenário, em especial no Sudeste, porque é onde vive a maior parcela dos eleitores do país. “Bolsonaro continua com avaliações bastante estáveis nas últimas semanas, mas estáveis do ponto de vista negativo, de avaliação ruim e péssimo muito altos”, diz.
Em apuração feita por EXAME, com base na agenda oficial da Presidência da República, disponível no portal oficial do governo, nos últimos três meses, de 25 de agosto a 25 de novembro, Bolsonaro esteve no Nordeste, pelo menos, em sete viagens oficiais. Os compromissos foram assinatura de contratos do governo federal, a lançamento de obras, em especial as que levam água ao semiárido nordestino.
A mesma quantidade de viagens - sete - do presidente teve como destino o Sudeste, no mesmo período. Na agenda estavam inaugurações e anúncio de obras importantes aos quatro estados da região. Além disso, ele participou de cerimônias oficias das Forças Armadas.
Em comparação, a visita a estados do Norte, Sul e Centro-Oeste ocorreram com menor frequência, não passando de três, cada.
“As idas constantes de Bolsonaro a regiões onde a avaliação dele é pior, como é o caso do Nordeste e do Sudeste, são uma tentativa de mudar a percepção dos eleitores. Precisamos verificar se daqui para frente isso realmente vai ter algum impacto nas próximas pesquisas”, avalia Maurício Moura.
Na pesquisa geral, com toda a população, a desaprovação do governo é de 55%, um pouco abaixo do recorde, registrado em julho deste ano, quando ficou em 57%. Há um mês, o número de pessoas que não aprova o governo chegou ao patamar dos 54% e, desde então, oscila na margem de erro, de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Apesar disso, o presidente conseguiu recuperar o sentimento positivo em uma parcela que sempre o apoiou desde o início do governo: os evangélicos. Em julho e no início de novembro deste ano, a desaprovação neste grupo bateu os 46%. Agora, 37% aprovam o governo, e 35% desaprovam.
No recorte por escolaridade, quanto maior o nível, pior é a aprovação do presidente, chegando a 61% entre os com ensino superior. Por renda, o sentimento negativo está na casa dos 50% em todas as faixas salariais, sendo maior entre aqueles que ganham mais de 5 salários mínimos (60% desaprovam o governo).
Maurício Moura destaca que é preciso prestar atenção nas próximas pesquisas para entender como o eleitor deve se movimentar em relação ao pagamento do novo Auxílio Brasil, que substituiu o Bolsa Família neste mês de novembro.
A título de comparação, quando o auxílio emergencial começou a ser pago, no meio de 2020, a aprovação do presidente subiu. Assim que os valores ficaram menores, a avaliação negativa em relação ao governo voltou a aumentar.
A pesquisa EXAME/IDEIA publicada no dia 12 de novembro, trouxe a projeção de cenário eleitoral de 2022. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece com 48% das intenções de voto, e Bolsonaro com 31%, em uma simulação de segundo turno. Em julho, esta distância entre os dois era de 12 pontos percentuais.
A sondagem considerou, no segundo turno, quatro cenários com o ex-presidente, além da disputa com Bolsonaro. Em todas as simulações, Lula venceria. Com o atual presidente, EXAME/IDEIA simulou a votação em dois cenários, além do segundo turno com o petista. Pela primeira vez desde o início da sondagem para 2022, Ciro Gomes (PDT) venceria Bolsonaro, com uma margem de 4%.