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No Senado, Lindbergh e Ferraço defendem asilo a Snowden

"Eu acho que a concessão do asilo tem tudo a ver com o Brasil. Seria um gesto grandioso da presidenta Dilma (Rousseff)", afirmou Lindbergh Farias


	Lindbergh Farias (PT-RJ): "É preciso a diplomacia brasileira ter uma posição de coragem"
 (Wilson Dias/ABr)

Lindbergh Farias (PT-RJ): "É preciso a diplomacia brasileira ter uma posição de coragem" (Wilson Dias/ABr)

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Da Redação

Publicado em 17 de dezembro de 2013 às 15h19.

Brasilia - Os presidentes das comissões de Assuntos Econômicos (CAE), Lindbergh Farias (PT-RJ), e de Relações Exteriores (CRE) do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), defenderam nesta terça-feira, 17, a concessão de asilo político ao ex-técnico da CIA Edward Snowden em troca das informações que ele possa repassar ao país sobre as ações de espionagem do governo norte-americano.

Reportagem da Folha de S.Paulo publicada nesta terça-feira informou que, em carta, Snowden estaria disposto a colaborar com as autoridades brasileiras em troca da possibilidade de permanecer no Brasil - atualmente ele está na Rússia com um visto precário.

"Eu acho que a concessão do asilo tem tudo a ver com o Brasil. Seria um gesto grandioso da presidenta Dilma (Rousseff)", afirmou Lindbergh Farias, para quem está havendo uma mudança na opinião pública em relação ao ex-funcionário da CIA até mesmo nos EUA. "É preciso a diplomacia brasileira ter uma posição de coragem", completou.

Para o petista, a eventual concessão de asilo não afetaria "em nada" a relação comercial entre os dois países. Ricardo Ferraço, por sua vez, disse que um eventual prejuízo para o comércio bilateral é "uma situação acessória" diante do que Snowden passa.

"Nós precisamos exercer a nossa soberania. A concessão de asilo é uma tradição cultural do nosso país", afirmou o presidente da CRE, que também é relator da CPI da Espionagem do Senado. "As relações comerciais são secundárias, independentes e não podem estar vinculadas a qualquer premissa, a premissa do Brasil é a concessão de asilo", ponderou.

Ferraço disse não ter considerado como uma barganha a carta de Snowden. Para o peemedebista, o ex-técnico da CIA está apenas deixando claro que, se obtiver o asilo, poderá contribuir com uma posição que o próprio governo brasileiro tem adotado mundialmente, contrária à espionagem de comunicações de Estados e cidadãos. Segundo ele, a eventual concessão de asilo poderia contribuir, e muito, aos trabalhos da CPI, prevista para encerrar em março de 2014.


O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AL), disse que, até o momento, não tinha uma posição do Palácio do Planalto ou do Ministério das Relações Exteriores (MRE) em relação ao pedido. Braga disse que Snowden já prestou um "grande serviço" para a comunidade internacional, ao vazar documentos que apontariam para práticas de espionagem.

Segundo ele, o ex-técnico da CIA terá de mostrar ao governo brasileiro o que tem a acrescentar para que se possa avaliar. O que já foi revelado, frisou o líder governista, fez o país estabelecer uma série de medidas, entre elas a mudança no uso de programa de envio de mensagens eletrônicas por integrantes do governo.

Questionado se considera o pedido uma barganha, Eduardo Braga respondeu: "É muito estranho, a gente não sabe o que ele tem a dizer. A gente tem o que ele já disse." Segundo ele, se Snowden não trouxer novas informações ao Brasil, poderia parecer um "jogo de intenções não reveladas".

"É claro (que precisamos ter cautela), nós não estamos aqui diante de uma situação que possamos ser irresponsáveis. Não sabemos se as informações que este cidadão tenha a dar são efetivamente importantes para o Brasil, necessárias para o Brasil. É preciso muita cautela e cuidado", afirmou.

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