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No Rio, abastecimento de combustíveis e alimentos está quase normal

No levantamento semanal feito pela ANP, o litro da gasolina na cidade na semana passada custou em média R$ 4,790

Combustíveis: havia produtos em 20% dos postos em várias regiões cidade do Rio (Sérgio Moraes/Reuters)

Combustíveis: havia produtos em 20% dos postos em várias regiões cidade do Rio (Sérgio Moraes/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 30 de maio de 2018 às 17h02.

Com início da desmobilização da greve dos caminhoneiros, iniciada nesta terça-feira (28), a entrega de combustíveis e alimentos começa a voltar à normalidade na cidade do Rio de Janeiro.

Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes e de lojas de Conveniência do Município do Rio (Sindcomb), o abastecimento dos postos deve se normalizar até o próximo final de semana.

O sindicato informou que, deste ontem, os caminhões-tanques saem das refinarias sem escolta e no ritmo normal. O abastecimento dos postos vai continuar mesmo neste feriado de Corpus Christi e no final de semana para suprir os postos que ainda estão sem estoque.

De acordo com o último levantamento, divulgado na noite de terça-feira, havia combustível em 20% dos postos em várias regiões cidade do Rio.

Não foi divulgado balanço de hoje, mas segundo o sindicato, certamente o número vai aumentar.

O Sindcomb esclarece que, por causa da corrida dos motoristas aos postos o desabastecimento dos revendedores tem ocorrido rápido, com longas filas.

O Sindicato afirma, ainda, que condena os preços abusivos, mas que não tem ingerência sobre os valores praticados em cada posto.

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) divulgou um telefone para recebimento de denúncias sobre preços abusivos pelo número 0800 970 0267 e informou que fará fiscalizações em parceria com os órgãos de defesa do consumidor.

No levantamento semanal feito pela agência, o litro da gasolina na cidade na semana passada custou em média R$ 4,790, com valor mínimo de R$ 4,379 e máximo de R$ 5,099.

Interior

Segundo o sindicato dos donos de postos (Sindestado-RJ), no interior fluminense, 50% dos postos já receberam pelo menos um carregamento de combustíveis, com volume entre 5 mil e 10 mil litros. Segundo a nota enviada pela assessoria de imprensa, essa quantidade é pequena e acaba rapidamente.

"O quadro geral de abastecimento no Estado não está melhor devido à persistência de barreiras de manifestantes junto aos trechos estratégicos do sistema rodoviário, com inúmeros relatos de motoristas ameaçados e carretas apedrejadas", diz o sindicato, informando que solicitou ontem atuação policial para liberar a passagem nas barreiras existentes na altura de Magé, em Barra Mansa, Maricá e São Pedro da Aldeia, além do trecho Macuco-Cordeiro.

"Caso os protestos dos caminhoneiros sejam contidos, e o movimento dos petroleiros não avance, a normalidade nos postos poderá estar restabelecida em até sete dias", acredita o Sindestado-RJ.

Transportes

O sistema BRT opera hoje com 16 linhas distribuídas nos três corredores e manterá a circulação normal ao longo do dia. Segundo o consórcio que opera o serviço, o eixo da Avenida Cesário de Melo permanece interrompido por problemas de segurança.

Os trens voltaram a operar regularmente hoje nos ramais Vila Inhomirim e Guapimirim, que realizaram menos viagens em função do racionamento de combustível. As duas extensões funcionam com locomotivas a óleo diesel.

As barcas ainda mantém um plano de contingenciamento que inclui o cancelamento total das atividades na Linha Praça Araribóia - Praça XV para o feriado de amanhã (31) e no final de semana. Desde segunda-feira a linha opera com intervalos maiores no horário de pico - de 20 minutos, ao invés dos 10 minutos habituais.

Para sexta-feira (1º), estão previstos intervalos 30 minutos. Nas outras linhas também há redução da grade de horários.

O metrô mantém a operação especial com todos os 64 trens em operação com extensão do horário de pico até as 11h.

Segundo o Rio Ônibus, na manhã de hoje mais de 70% da frota do município circulou. As 36 empresas de ônibus que operam na capital utilizam cerca de 760 mil litros de óleo diesel por dia, para transportar cerca de 4 milhões de passageiros.

No estado, a Fetranspor informa que a operação do sistema de transporte público por ônibus está praticamente normalizada. "A retomada é um pouco mais lenta em regiões onde o abastecimento de combustível não está totalmente regularizado".

Alimentação

A Centrais de Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro (Ceasa-RJ) informou que na manhã de hoje chegaram 450 caminhões com itens diversos, sendo 183 destinados para o pavilhão que atende os agricultores do Rio de Janeiro, onde o movimento já está praticamente normalizado.

Segundo a Gerência de Mercado, cerca de 80% das lojas abriram hoje, mas faltam alguns produtos como cebola, beterraba, cenoura, banana e abacaxi.

Por volta das 11h a Ceasa recebeu 300 sacos de batata e laranja, vindos de Minas Gerais e São Paulo e até o final do dia está prevista a chegada de mais caminhões.

Antes do início da greve, na quarta-feira dia 16 entraram na Ceasa-RJ 850 caminhões e na quarta-feira passada foram 245.

Governador

O governador Luiz Fernando Pezão disse hoje que o estado está retornando à normalidade do abastecimento nos combustíveis e alimentos. As declarações foram dadas em entrevista à Rádio Tupi e divulgadas pela assessoria de imprensa do governo.

"Agradeço muito a integração das Forças Armadas com a Polícia Militar e Bombeiros, com isso conseguimos normalizar o abastecimento e estamos avançando hora a hora. Agradeço também à população que teve calma nesse momento difícil".

Segundo Pezão, ainda há problemas de deslocamento dos comboios em alguns pontos do interior, mas devem ser solucionados ainda hoje.

O governador disse também que a Polícia Rodoviária Federal e o Exército estão escoltando comboios vindos de Minas Gerais com alimentos.

Prejuízo nas empresas

Por outro lado, entidades do setor produtivo divulgaram nota na qual expressam preocupação com os prejuízos provocados pela paralisação dos caminhoneiros. Segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), Associação de Atacadistas e Distribuidores do Estado do Rio de Janeiro e (ADERJ), Associação de Supermercadistas do Rio de Janeiro (Asserj) e Sindicato de Bares e Restaurantes do Município do Rio de Janeiro (SindRio), há preocupação com o pagamento dos salários."

É grande a preocupação das empresas do Rio de Janeiro com a possibilidade do não pagamento dos salários em junho e de colapso da produção em virtude da interrupção do fluxo de mercadorias. O fato causou drástica redução dos negócios em todos os setores", diz a nota.

Na segunda-feira (28), a Firjan apontou que a perda do setor industrial com a greve dos caminhoneiros foi calculada em R$ 77 milhões.

Com isso, as entidades pedem a adoção de duas medidas que consideram imprescindíveis e emergenciais. Primeiro, o adiamento do recolhimento de impostos federais, estaduais e municipais pelo período de um mês; e, em segundo, a prorrogação da validade de notas fiscais para evitar multas, já que "muitas estão vencidas nos caminhões retidos".

*Colaborou Raquel Júnia, Repórter do Radiojornalismo

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