Deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da Oposição na Câmara (Jefferson Rudy/Agência Senado)
Alessandra Azevedo
Publicado em 8 de setembro de 2021 às 17h38.
O principal assunto do plenário da Câmara na tarde desta quarta-feira, 8, são os ataques do presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) durante as manifestações de 7 de Setembro. Enquanto deputados favoráveis ao governo exaltam os atos ocorridos na terça-feira, 7, os de oposição os classificam como uma afronta antidemocrática e pedem ao presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que paute os pedidos de impeachment de Bolsonaro.
Para os deputados de oposição, o posicionamento de Lira, mais cedo, não foi duro o suficiente, depois dos ataques feitos pelo presidente. “Essa Casa tem que se posicionar. É isso que estamos cobrando da direção desta Casa, de vossa excelência (Lira), para que tenha posição firme”, disse o deputado Bohn Gass (PT-RS), líder do PT na Câmara.
Com mesmo posicionamento, o líder da Oposição na Casa, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), citou falas antidemocráticas do presidente nos atos de 7 de setembro, como quando o chefe do Executivo disse que o ministro do STF Alexandre de Moraes deveria ser enquadrado e afirmou que não vai obedecer as decisões dele.
Da tribuna, Molon falou diretamente com Lira e lembrou que até o presidente do STF, Luiz Fux, atribuiu a Bolsonaro crime de responsabilidade, em pronunciamento nesta quarta-feira. O líder da Oposição pediu uma “resposta mais dura” às ações de Bolsonaro contra os poderes, por meio da abertura do processo de impeachment.
“Presidente da Câmara, Arthur Lira, nós iremos mais uma vez pedir a vossa excelência que decida sobre os pedidos de impeachment. Nós queremos que esta Casa cumpra seu dever”, disse Molon.“Não há mais ambiente para se tolerar os intolerantes, para permanecermos silentes ou fingirmos que não estamos vendo aquilo que está acontecendo à luz do dia, na porta da nossa Casa, na frente da Câmara”, afirmou.
“Precisamos reagir, precisamos mostrar que o presidente passou de todos os limites, e isso depende inevitavelmente de vossa excelência”, disse Molon a Lira. “Vossa excelência, embora faça parte de um partido que está na base do governo, precisa se colocar acima dessas questões de governo e oposição e permitir que o processo de impeachment ande”, completou.
Bohn Gass, do PT, argumentou que é preciso “levantar a voz, antes que seja tarde”. A única possibilidade de “mostrar nossa firmeza para impedir avanço dessas atitudes antidemocráticas é andar com o processo de impeachment”, disse. “Mais do que nunca, a democracia exige”, sustentou.
A deputada Talíria Petrone (PSol-RJ) também foi à tribuna fazer um apelo a Lira. “Não dá, senhor presidente Arthur Lira, para essa Casa ser o que o senhor chama de ‘motor da pacificação’, enquanto o presidente da República tem sido o motor da discórdia, motor da destruição”, afirmou.
“O centro da política brasileira vai ficar em silêncio diante de mais e mais crimes cometidos pelo presidente? Não podemos. O impeachment é o imperativo deste momento para o povo voltar a sonhar, para a gente ter capacidade de fortalecer e radicalizar a democracia brasileira”, concluiu Petrone.
O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), defendeu o governo e disse esperar que Lira "tenha sucesso na tarefa de mediador dessa crise". Segundo ele, os atos de 7 de setembro foram uma demonstração de apoio às "bandeiras defendidas pelo presidente Jair Bolsonaro".
“Milhões e milhões de brasileiros foram às ruas pacificamente para demonstrar apoio ao nosso presidente nas suas teses, nos valores da família, contra o ativismo político do Judiciário, que foi, na verdade, o principal tema dessa mobilização", disse Barros.