Rua 25 de Março em São Paulo: cidade foi a escolhida por Lula e Bolsonaro para o início da campanha de segundo turno. (NurPhoto / Colaborador/Getty Images)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 11 de outubro de 2022 às 09h22.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) já sabem onde precisam concentrar seus esforços de campanha no segundo turno: São Paulo e Minas Gerais, os dois maiores colégios eleitorais do país. Juntos, os dois estados têm 834.737 quilômetros quadrados, o equivalente ao tamanho da França e da Alemanha somados. É este território que os dois candidatos pretendem percorrer para tentar virar votos em busca da vitória.
A largada numérica do primeiro turno nos dois estados está em favor de Bolsonaro, com uma vantagem de 1.186.650 votos. Com 100% das urnas do primeiro turno apuradas em todo o país, Lula ficou com 48% dos votos válidos e o presidente Bolsonaro, com 43%. Em Minas Gerais, os números espelharam a disputa nacional, com 48% a 43% (5.802.571 de votos a 5.239.264), em favor de Lula. Em São Paulo, o atual presidente terminou em vantagem, com 47% X 40% (12.239.989 votos a 10.490.032).
A cientista política e professora da FESP-SP Tathiana Chicarin lembra que o segundo turno é praticamente uma nova eleição. "Não necessariamente os eleitores que votaram em um candidato no primeiro turno seguem da mesma maneira no segundo. Antes de tentar conseguir novos votos e ir atrás dos derrotados, é preciso convencer os que já votaram a fazer a mesma escolha mais uma vez", diz.
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Nesse início de percurso em quilômetros rodados, o petista está em vantagem. Lula cumpriu agenda nos dois estados em pelo menos seis ocasiões. Começou em São Paulo, na terça-feira, 4, em um encontro com frades franciscanos, um aceno a eleitores mais conservadores. Dois dias depois, foi a São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, seu berço político. Na sexta-feira, 7, visitou Guarulhos, a segunda maior cidade paulista.
No fim de semana, Lula teve agenda em Campinas, no sábado, 8. A cidade deu uma leve vantagem a Bolsonaro no primeiro turno (320.648 votos a 259.973). No domingo, 9, ele esteve em um ato em Belo Horizonte, ao lado de Alexandre Kalil (PSD), derrotado na disputa ao governo mineiro. No evento de campanha, Lula ganhou o apoio do atual prefeito da capital de Minas Gerais, Fuad Noman (PSD).
Com menos quilômetros percorridos, Bolsonaro cumpriu agenda de candidato em três dias nesse segundo turno. Assim como Lula, escolheu São Paulo para o primeiro ato. Participou da convenção das assembleias de Deus, um gesto em direção aos evangélicos, seu eleitorado mais fiel. Outro compromisso foi cumprido em Brasília. No fim de semana foi a Belém, no Pará, onde participou das celebrações do Círio de Nazaré. Na capital paraense, Lula venceu Bolsonaro por margem apertada de pouco mais de 21.000 votos.
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Apesar de Bolsonaro estar menos presente fisicamente em Minas Gerais e em São Paulo, o presidente tem dois aliados importantes: os governadores. Poucos dias depois do primeiro turno, tanto Rodrigo Garcia (PSDB), de São Paulo, quanto Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, declararam apoio à reeleição do incumbente, e falaram que se empenharão na campanha.
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A cientista política Tathiana Chicarin avalia que o desafio de ampliar votos é grande para ambos os candidatos, mesmo que o ex-presidente precise de menos votos para alcançar os 50% mais um - partindo do pressuposto de que ele consiga, pelo menos, os mesmos votos do primeiro turno.
"Há quase 8,5 milhões de votos de Simone Tebet (MDB) e de Ciro Gomes (PDT) que podem migrar para os dois candidatos. Não está claro se a perda dos votos que as pesquisas de intenção de voto projetavam em Ciro foram no primeiro turno já para Bolsonaro. Também tem que se avaliar que os eleitores dos dois fizeram um voto contra o atual governo", diz.
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