Cantareira: cenário a partir de 2017 apresenta melhorias em relação a 2015 e 2016 (Divulgação/Sabesp)
Da Redação
Publicado em 11 de fevereiro de 2015 às 14h49.
São Paulo - A situação dos reservatórios de água brasileiros não deve apresentar melhoria substancial antes do final de 2016, segundo análises de longo prazo da Climatempo.
O volume de chuvas deve ser limitado nesse período em função do resfriamento na temperatura do oceano Pacífico, tendência que será revertida somente entre o final de 2016 e 2017.
O cenário a partir de 2017 apresenta melhorias em função do aquecimento das águas do Pacífico e do maior volume de chuvas.
O registro de longos períodos de chuva acima ou abaixo da média é usual e marcou as décadas de 1980 e 1990, com chuvas acima da média, e agora os primeiros anos do século 21, com chuvas abaixo da média.
Concluído o atual ciclo de chuvas mais fracas, a situação volta a apresentar tendência de melhoria e posterior piora até o final da década de 2030.
"Depois de 2040 teremos um cenário de grande escala onde a precipitação na América do Sul tende a ficar acima da média", afirma o meteorologista da Climatempo, Alexandre Nascimento.
A situação do nível dos reservatórios no curto prazo pode se deteriorar porque há expectativa de menor volume de chuvas nas regiões Sul e Norte no decorrer de 2015, principalmente a primeira, que tem garantido a transferência de energia da região Sul para a região Sudeste.
O volume de chuvas na região Sudeste deve apresentar indicadores mais elevados do que aqueles registrados em 2014, mas não em volumes suficientes para garantir a recomposição dos reservatórios de água do país.
O problema da região, segundo Nascimento, não está associado somente ao volume de chuvas em si, mas também ao atual patamar dos reservatórios.
ENA
Nascimento, que participou nesta quarta-feira, 11, do evento Energia & Cenários 2015, promovido pela Viex Americas, projeta condições desfavoráveis de chuvas no primeiro semestre deste ano.
Confirmadas as projeções do especialista, o racionamento de energia seria inevitável neste ano, quando consideradas as previsões de especialistas do setor elétrico.
Estima-se que, para evitar um racionamento, o nível dos reservatórios precisaria chegar a mais de 30% da capacidade de armazenamento no final de abril.
A Energia Natural Afluente (ENA) no período precisaria ser de mais de 80% da média de longo termo (MLT) no período de fevereiro a abril.
As projeções da Climatempo indicam que essa marca não será alcançada.
A ENA do mês de fevereiro deve ficar em apenas 49% na região Sudeste, responsável por 70% da capacidade de armazenamento do país.
Esse número deve subir para 53% em março e 68% em abril e continuará em ascensão nos meses seguintes, período considerado menos importante em termos de volume de chuvas.
A projeção apresentada por ele, com estimativas até julho, sugere que apenas no sétimo mês do ano o volume de chuvas será melhor do que a média histórica.
Para a região Sul, o volume de chuvas deve continuar acima da média durante o primeiro semestre.
Na região Norte, os números devem permanecer ao redor de 80% a 90% da média histórica.
Já na região Nordeste, as projeções para o período de fevereiro a abril é ainda mais preocupante.
O melhor resultado mensal esperado, para abril, é de ENA equivalente a 32% da média histórica.
"A região Sul pode ter problema de menor volume de chuvas no segundo semestre e início de 2016. Na região Norte a recuperação não será plena e há possibilidade inclusive de a região não verter neste ano. Já na região Nordeste a situação tende a ficar cada vez pior", sintetiza Nascimento.
A região Norte usualmente verte água entre os meses de março e abril, ou seja, permite o escoamento de água sem a geração de energia, uma medida considerada necessária para evitar danos aos equipamentos e às comunidades locais.