Os Estados Unidos, sob comando de Donald Trump, já manifestaram interesse em acordos para a aquisição de terras raras junto ao Brasil (Divulgação)
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Publicado em 28 de julho de 2025 às 19h58.
Reivindicada pelo Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), a chamada elevação do Rio Grande virou alvo de interesse do país e dos Estados Unidos. O despertar de tantos olhares para a região localizada no Atlântico Sul é que ela é rica em terras raras, materiais críticos e estratégicos para tecnologias ligadas à transição energética.
O governo brasileiro tenta o reconhecimento da região, que fica a cerca de 1.200 km da costa do Rio Grande do Sul, desde 2018, em solicitação feita à Comissão de Limites da Plataforma Continental da ONU (CLPC).
Com dimensões superiores as da Islândia, a plataforma poderá dar ao Brasil a capacidade de exploração econômica na região, que abriga reservas de cobalto, manganês, níquel, telúrio e terras raras, elementos fundamentais para a fabricação de baterias, turbinas eólicas, painéis solares e eletrônicos.
Os Estados Unidos, sob comando de Donald Trump, já manifestaram interesse em acordos para a aquisição de terras raras junto ao Brasil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, refutou. Disse que "ninguém põe a mão" em reservas de recursos brasileiros.
“Se esse mineral já é crítico, eu vou pegar ele pra mim. Por que eu vou deixar para outro pegar?”, questionou durante a inauguração de uma usina termelétrica no Porto do Açu, em São João da Barra (RJ).
Países podem reivindicar a extensão de sua plataforma continental além das 200 milhas náuticas se apresentarem evidências científicas de que há continuidade geológica com o território nacional. No caso do Brasil, as rochas da Elevação do Rio Grande apresentam composição semelhante às formações encontradas em terra firme.
Caso aceito, o pedido vai garantir ao Brasil os direitos exclusivos de explorar os recursos no subsolo marinho da região, mas o país terá de assumir o compromisso de preservar a região.
Com base localizada a cerca de 5 mil metros de profundidade e topo situado entre 700 e 2 mil metros abaixo do nível do mar, a estrutura reúne uma diversidade de formas submarinas. Dentre eles, montes, platôs, cânions, canais e uma fenda tectônica de grandes proporções.
Segundo o portal UOL, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) conduzem, desde 2015, expedições científicas à região, com apoio de universidades estrangeiras da Alemanha, Japão e Reino Unido. Os estudos realizados até então revelaram rochas vulcânicas com cerca de 45 a 47 milhões de anos e sedimentos alterados pela exposição ao ar, o que sugere que a ilha, anteriormente, estava acima do nível do mar. Uma nova expedição para o local deverá ocorrer em 2026.