(Silvio Avila/AFP)
Paula Barra
Publicado em 27 de março de 2021 às 12h36.
Última atualização em 27 de março de 2021 às 15h24.
Após mais de um ano do início da pandemia, o Brasil passa pelo seu pior momento, com recorde no número de mortes de covid por dia e sobrecarga nos hospitais. Na última quarta-feira, ultrapassou a marca de 300 mil mortes, com cerca de 125 brasileiros sucumbindo a cada hora. Nesse cenário, de descontrole do avanço do vírus, um dos jornais mais influentes do mundo, o New York Times, destaca a situação do país em reportagem deste sábado.
O jornal americano aponta que "o país, cujo líder, o presidente Jair Bolsonaro, minimizou a ameaça do vírus, agora está relatando mais novos casos e mortes por dia do que qualquer outro país do mundo". "As mortes no Brasil estão no auge e variantes altamente contagiosas do coronavírus estão varrendo o país, possibilitadas por disfunções políticas, complacência generalizada e teorias da conspiração", descreve.
Segundo a publicação, o colapso é um "fracasso total" para o país que, nas últimas décadas, foi modelo para outras nações em desenvolvimento, com uma reputação de desenvolver soluções ágeis e criativas para crises de saúde, incluindo o aumento de infecções por HIV e o surto de zika vírus.
O veículo de comunicação faz críticas a postura de Bolsonaro, lembrando que o presidente chamou a pandemia de "gripezinha" e muitas vezes encorajou grandes multidões, criando uma "falsa sensação de segurança" entre seus os apoiadores. Ao mesmo tempo, diz, endossou "medicamentos ineficazes e potencialmente perigosos para tratar a doença", contradizendo as orientações das principais autoridades de saúde.
O NY Times aponta ainda para o perigo do uso de medicamentos sem comprovação científica que têm sido usados por alguns paciente no Brasil como tratamento preventivo para a doença. Ele cita o chamado "kit Covid", que inclui ivermectina e azitromicina, defendido por Bolsonaro como estratégia ao combate ao coronavírus. No entanto, alerta o jornal, "os principais especialistas médicos do Brasil, dos Estados Unidos e da Europa disseram que esses medicamentos não são eficazes para tratar a covid-19 e alguns podem ter efeitos colaterais graves, incluindo insuficiência renal".