Dilma Rousseff discursa após ser afastada do cargo: o jornal americano teme pelo democracia jovem do Brasil (Adriano Machado/Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de maio de 2016 às 10h58.
São Paulo - Após o Senado determinar o afastamento da presidente Dilma Rousseff por até 180 dias, o jornal The New York Times publicou nesta sexta-feira um editorial sobre a crise política, dizendo que as coisas podem ficar ainda piores no Brasil.
O texto se inicia dando destaque à fala da presidente na qual ela diz que pode ter cometido erros, mas não crimes. Mesmo pontuando que essa declaração é passível de debate, o NYT afirma que Dilma tem razão em questionar os motivos por ter sido afastada.
Apesar de criticar as habilidades políticas e de liderança da petista, o jornal deixa claro que não há contra ela evidências de enriquecimento pessoal ilícito, "enquanto muitos dos que orquestram sua saída são acusados em um grande esquema de corrupção e outros escândalos".
Ainda nesse sentido, o artigo cita que Michel Temer, presidente em exercício, poderia se tornar inelegível por 8 anos, já que o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, condenou o peemedebista por violar limites financeiros de campanha.
Democracia frágil
O editorial aponta que o Brasil vive sua pior recessão desde 1930 e que os rumos que a administração do país tem tomado podem prejudicar ainda mais uma democracia tão jovem.
Além disso, é dada ênfase para o fato de que as "pedaladas fiscais", das quais Dilma é acusada, foram cometidas por outros chefes do Executivo brasileiro, sem que esses enfrentassem processos de impedimento.
Quanto ao futuro do impeachment, o jornal americano afirma. "Se o Senado condenar Rousseff por má conduta financeira, o que é provável dado que 55 dos 81 senadores votaram para levá-la a julgamento, os políticos podem achar mais fácil voltar à política usual, de pagar para participar. Isso seria indefensável"
Para finalizar, o texto indica que os senadores que desejam tirar Dilma definitivamente do poder devem se lembrar de que ela foi "eleita duas vezes e de que o PT ainda tem um apoio considerável, especialmente entre os milhões que saíram da pobreza nos últimos 20 anos".