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Nem a "bancada ética" escapa da Lista de Fachin

O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) é um dos membros da bancada que está sendo investigado

Maria do Rosário: a deputada vai responder por falsidade ideológica eleitoral (Elza Fiúza/Agência Brasil)

Maria do Rosário: a deputada vai responder por falsidade ideológica eleitoral (Elza Fiúza/Agência Brasil)

Marina Demartini

Marina Demartini

Publicado em 14 de abril de 2017 às 11h21.

Integrantes da chamada "bancada ética", formada por parlamentares com discurso permanente de combate à corrupção, acabaram por integrar a lista do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). É o caso, por exemplo, dos deputados Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e Maria do Rosário (PT-RS) e do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES).

Forte opositor dos governos do PT, Onyx usava a tribuna da Câmara constantemente para criticar o partido, chamado por ele em algumas ocasiões de "organização criminosa". Em um discurso no plenário da Câmara em 28 de março, o parlamentar enaltecia a Lava Jato, "que faz bem para o Brasil e faz mal para a bandidagem".

No pronunciamento, Onyx declarou que as investigações jogavam "luz e transparência talvez sobre a maior delas (bandidagem), a mistura entre partido e governo" e disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era um dos responsáveis "pela infestação de corruptos e incompetentes no governo federal".

"O PT montou o seguinte tripé: corrupção, incompetência e mentiras. Esse é o tripé do capítulo mais triste da história política brasileira nos últimos 40 anos. E não resta nenhuma dúvida de que Lula é um psicopata", disse na ocasião.

O deputado será investigado por falsidade ideológica eleitoral, e teria recebido R$ 175 mil para a campanha de 2006. Nas redes sociais, Onyx afirma que recebeu a citação com surpresa, indignação e revolta, e que tem "24 anos de vida pública limpa e ela vai continuar limpa". Disse ainda que nunca esteve na Odebrecht e que, se mostrarem uma foto dele na sede da empresa, renuncia ao mandato.

Defensora

Membro da tropa de choque da presidente cassada Dilma Rousseff, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) também defendeu a Lava Jato, na qual agora é uma das investigadas. Em pronunciamento no dia 4 de março de 2015, a petista pedia que as investigações não fossem contaminadas.

"Não se pode admitir, pelo bem do Brasil, o contágio da investigação nos destinos do País e o comprometimento das riquezas nacionais. Quem errou, quem praticou corrupção ou corrompeu que seja responsabilizado de acordo com a lei. Disso nenhum de nós, homens e mulheres honrados, que ocupam a responsabilidade pública, podemos arredar o pé", afirmou na época.

Maria do Rosário vai responder por falsidade ideológica eleitoral, e teria recebido R$ 150 mil para a campanha de 2010. A deputada também se diz indignada pela citação do nome dela na lista de Fachin e que vai tornar disponível os sigilos fiscal, bancário e telefônico ao STF.

Crítico da ex-presidente Dilma Rousseff, o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) integrava o PMDB quando deixou a base do governo petista, em 2016, para se aliar aos tucanos na oposição. Na época do impeachment, subiu à tribuna do Senado para criticar a distribuição de cargos pelo governo petista para evitar o afastamento da presidente.

"De forma aberta, despudorada, a presidente e seus assessores mais diretos iniciaram ofensiva para assediar parlamentares, partidos políticos, oferecendo verbas e cargos públicos estratégicos (...) Não há dúvida de que estamos diante de mais um crime", declarou.

Ferraço vai responder pelo mesmo crime que Maria do Rosário e Onyx Lorenzoni. Segundo as investigações, o tucano teria recebido R$ 400 mil para a campanha ao Senado em 2010. Em nota, disse estar "perplexo" com a citação, que não tem nem nunca teve qualquer relação com os executivos da Odebrecht.

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