Redação Exame
Publicado em 19 de maio de 2025 às 16h41.
A Vigilância Sanitária de Natal (RN) emitiu um alerta nesta segunda-feira, 19, após o município registrar um novo surto de intoxicação alimentar causado por ciguatera, uma doença provocada por uma toxina presente em algumas espécies de peixes, como garoupas, barracudas, moreias, arabaianas e badejos.
Desde o início da semana, 13 pessoas apresentaram sintomas suspeitos da doença durante um evento em um restaurante da capital potiguar.
O episódio ocorreu em um encontro de médicos com 35 participantes, dos quais três precisaram ser hospitalizados, incluindo duas pessoas internadas na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). As vítimas já receberam alta e passam bem, enquanto todos os presentes seguem sendo monitorados. Amostras do peixe servido, da espécie arabaiana, foram recolhidas para análise no Laboratório Central de Saúde Pública de Natal.
A ciguatoxina é uma substância produzida por microalgas que vivem em recifes de corais tropicais e subtropicais, especialmente no Caribe. De acordo com o biólogo marinho Marcelo Szpilman, a toxina se acumula na cadeia alimentar, afetando principalmente peixes carnívoros de topo de cadeia, que concentram uma quantidade muito maior da substância. O risco de letalidade depende da quantidade ingerida.
Os sintomas da ciguatera incluem manifestações gastrointestinais, como diarreia, náusea, vômito e dor abdominal; cardiovasculares, como frequência cardíaca lenta, bloqueio cardíaco e pressão baixa; e neurológicos. É comum a sensação de sabor metálico na boca e a chamada inversão térmica — a pessoa sente frio ao tocar no quente e calor ao tocar no frio. Outros sintomas são dor de cabeça, formigamento, visão turva, coceira e dores musculares.
Mônica Lopes, especialista em peixes do Instituto Butantan, recomenda evitar o consumo das espécies associadas à toxina, especialmente a cabeça e a pele, onde há maior acúmulo da substância. A Vigilância Sanitária alerta que a ciguatoxina não tem cor, sabor ou cheiro e não é eliminada pelo cozimento ou congelamento convencional.
Com isso, Natal orientou restaurantes e estabelecimentos a restringirem a oferta dos pescados potencialmente contaminados, a informar o nome das espécies nos cardápios e a guardar amostras dos peixes por até 72 horas. Profissionais de saúde devem notificar o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde da cidade em casos suspeitos.
Este é o terceiro surto suspeito de ciguatera registrado em Natal em 2025. Em abril, sete pessoas de uma mesma família adoeceram após consumir barracuda, e em fevereiro, três pessoas tiveram sintomas após comerem arabaiana. Os resultados laboratoriais ainda não foram divulgados, mas, caso confirmados, totalizarão sete surtos na capital desde 2022, quando os primeiros casos foram registrados.