Napoleão Nunes Maia, ministro do TSE (Ueslei Marcelino/Reuters)
Talita Abrantes
Publicado em 9 de junho de 2017 às 16h27.
Última atualização em 9 de junho de 2017 às 18h44.
São Paulo – A sessão que pode decidir o futuro político de Dilma Rousseff e Michel Temer começou tensa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O ministro Napoleão Maia, primeiro a dar seu voto após o relator, começou seu discurso, visivelmente irritado, para se defender de notícias que citam seu nome.
“Hoje sai em outro site uma notícia de que meu nome teria sido veiculado na delação da OAS. Absolutamente mentirosa a pessoa que fez isso, desqualificada, indigna e absolutamente incapaz de portar em si a qualidade de ser humano”, afirmou.
De acordo com o ministro, em sete julgamentos relacionados com a OAS, ele decidiu de maneira desfavorável à empreiteira. Por isso, para ele, "é preciso pôr um freio" no vazamento de delações premiadas.
“Se isso não terminar, o final não será bom. Todos nós estamos sujeitos ao alcance dessas pessoas. Publica o que quiser com quem quiser”, disse. “Não é jornalista quem faz isso. Não dignifica a liberdade de imprensa a quem faz isso”.
O ministro também questionou a validade das delações premiadas que, na visão dele, só servem para dar benesses para “infratores confessos da legislação, da ética e da moralidade”.
Maia, que é evangélico, disse que foi questionado sobre o caso pela diaconia de sua igreja no Ceará. Ele disse que teria respondido o questionamento do pastor da seguinte forma: “Com a medida com que me medem serão medidos e sobre ele desabe a ira do profeta, é uma anátema islâmica”, em referência tanto a delatores quanto aos jornalistas que publicam informações sobre isso.
"A ira do profeta, não vou dizer o que é, vou fazer um gesto do que é", disse, fazendo um sinal de degola.
Filho barrado
Mais cedo, o filho do ministro foi barrado por seguranças ao tentar entrar na corte com traje esportivo – em dia de julgamento, o uso de paletó e gravata é mandatário para homens. Nos minutos seguintes, começou a circular nas redes sociais e em blogs de notícias, a informação de que Maia teria recebido um envelope de um homem misterioso durante o julgamento.
“Era simplesmente um envelope com as fotos de uma criança”, afirmou, visivelmente irritado. “Desejo que essa pessoa sofra em si e na sua família o que me fez passar”, disse em referência ao jornalista que publicou a notícia.
Após o desabafo, a sessão foi suspensa por cinco minutos. O ministro apresenta, neste momento, seu voto - acompanhe a cobertura completa em EXAME.com