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"Não volto lá nem se o Trump me buscar", diz brasileiro deportado dos EUA

Quarto avião em menos de quatro meses manda de volta ao Brasil imigrantes brasileiros que tentaram entrar ilegalmente no país

Avião: nos últimos quatro meses, quatro aeronaves chegaram dos Estados trazendo imigrantes deportados (Roman Becker / EyeEm/Getty Images)

Avião: nos últimos quatro meses, quatro aeronaves chegaram dos Estados trazendo imigrantes deportados (Roman Becker / EyeEm/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de fevereiro de 2020 às 12h01.

Mais um voo com deportados brasileiros, vindos dos Estados Unidos, aterrissou às 22h40 desta sexta-feira, 14, no aeroporto de Confins, na região Metropolitana de Belo Horizonte. De acordo com informações da BH Airport, empresa que administra o aeroporto, 40 adultos e 40 crianças e adolescentes, desembarcaram na capital mineira.

É o terceiro voo neste ano e o quarto em menos de quatro meses a mandar de volta ao Brasil imigrantes brasileiros que tentaram entrar ilegalmente nos EUA pela fronteira com o México. Na sexta-feira, ninguém chegou algemado, ao contrário do que ocorreu em viagens anteriores.

"Você é tratado igual a um cachorro. Me senti humilhado. Você fica embaixo de uma lona, com frio. Te dão um cobertor que é uma folha de alumínio", disse Breno Silva Coelho, de 33 anos, que foi tentar a sorte nos Estados Unidos com a mulher e o filho pequeno. A família é da cidade mineira de Ipatinga, no Vale do Rio Doce. "Adultos aguentam, mas essa situação, para crianças, é uma covardia. Não volto lá nem se o Trump me buscar", disse.

A falta de informações é a principal reclamação de parentes de imigrantes que tentam entrar ilegalmente nos Estados Unidos. Entre os próprios deportados, o protesto é em relação ao tratamento que recebem nos centros específicos de imigrantes.

No primeiro voo, em 26 de outubro de 2019, chegaram 70 pessoas, no segundo, em 24 de janeiro de 2020, 50, no terceiro, em 7 de fevereiro, 130. As deportações atuais fazem parte de novo entendimento entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos, que facilita o procedimento de saída daquele país de imigrantes ilegais.

Antes do voo de 26 de outubro do ano passado, outra deportação de número mais elevado de imigrantes brasileiros detidos nos EUA só havia ocorrido em 28 de janeiro de 2004, quando 278 pessoas detidas no presídio de Florence, no Arizona, desembarcaram no aeroporto de Confins.

Os voos chegam pela cidade mineira por ser do Estado o maior número de deportados. Em nota, a Polícia Federal disse que caberá à corporação "realizar os procedimentos de controle migratório, uma de suas competências definidas pela Constituição da República".

Recepção

Uma mesa com café, sucos, bolos e pão de queijo foi montada pela administração do aeroporto para a chegada dos deportados. A maior parte dos deportados chega com a roupa do corpo e uma sacola plástica com documentos.

No desembarque desta noite, muitos calçavam sapatos emborrachados alaranjados, distribuídos nos centros de imigração. O próximo avião com brasileiros que tentam chegar ilegalmente nos Estados Unidos está previsto para chegar em Confins no próximo dia 19.

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