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Não sequestrei uma criança... ainda, ironiza Damares

Ao discursar em evento sobre adoção, ministra ironizou as suposições de que teria sequestrado a filha adotiva, Lulu, de uma aldeia indígena

Damares Alves: a adoção de Lulu, filha da ministra, nunca foi formalizada (Wilson Dias/Agência Brasil)

Damares Alves: a adoção de Lulu, filha da ministra, nunca foi formalizada (Wilson Dias/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de maio de 2019 às 06h14.

São Paulo - Ao lado da filha adotiva, Lulu, a ministra da Família, Mulher e Direitos Humanos, Damares Alves, afirmou nesta terça-feira (21), de forma irônica que "ainda" não havia sequestrado crianças. "Eu trabalho com crianças indígenas. A gente acolhe as crianças que estão em situação de risco. Todas as crianças que salvamos nesses 15 anos, nenhuma foi sequestrada. Eu nunca sequestrei uma criança... ainda", disse, provocando risadas na plateia durante o seminário "9 meses de Adoção: Família para todos", organizado pela Comissão de Seguridade e Família da Câmara.

A intenção era discutir iniciativas para reduzir a burocracia na adoção. A meta do governo é de que todo processo possa ser concretizado em, no máximo, 9 meses contados a partir da destituição do pátrio poder. Durante o evento, a ministra falou sobre sua experiência. "Eu sou mãe adotiva. Minha adoção é extraordinária. Quando adotei, minha filha já tinha seis anos. A imprensa fala que eu sequestrei ela (sic), mas não sequestrei."

Em janeiro, a revista Época publicou reportagem mostrando que indígenas da aldeia kamayura afirmaram que Damares e uma amiga visitaram a comunidade como missionárias e, dizendo estar preocupadas com a saúde bucal de Lulu, então com seis anos, levaram a menina para fazer tratamento dentário na cidade. De acordo com relatos de familiares à revista, a promessa era de mais tarde trazê-la de volta para a comunidade, o que não ocorreu. O ministério afirma que Lulu saiu da aldeia com a anuência de todos os familiares, acompanhada de parentes.

"Uma delas não podia ficar, porque era brava. Ela não falava a nossa língua", relatou Damares para a plateia. De acordo com a ministra, a decisão de ficar com Lulu foi tomada diante da informação de que a menina seria levada de volta para a aldeia. "Tinha cinco minutos para decidir. Ou levava essa menina para a aldeia ou para minha casa. A minha gestação durou cinco minutos", completou. A adoção de Lulu, que completou 21 anos ontem, nunca foi formalizada.

A ministra afirmou que sua pasta deverá lançar uma campanha para incentivar a adoção de crianças com mais de 3 anos, usando como mote várias experiências bem sucedidas. "Como a minha. Eu fui mãe quando minha filha já tinha seis anos. Dá muito certo a adoção tardia." A intenção do programa é também incentivar a adoção de crianças com limitações físicas ou mentais que, na avaliação de Damares, são preteridas no processo de adoção. "As políticas públicas vão também alcançar os abrigos", disse, ao fim da participação no evento. Para tornar mais ágil a adoção, será preciso alterar limitações impostas na lei. "O tempo desestimula, é angustiante. Há pais que ficam seis anos na fila de adoção.

Com pelo menos 20 pastores, o evento desta tarde reuniu deputados da bancada evangélica. Na plateia, muitas pessoas interrompiam as apresentações com gritos de "aleluia" ou "só Deus". A cantora gospel Bruna Karla, cantou duas músicas. A presença de Lulu no seminário foi classificada de "surpresa" por Damares. "Quando olhei, vi ali minha filha tietando a Bruna Karla."

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