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Não se pode julgar sem atentar para a realidade política, diz Fux

A fala do ministro se referiu ao pedido da defesa da chapa Dilma-Temer de excluir a delação da Odebrecht do processo de julgamento

Benjamin e Fux: os ministros discutem qual deve ser a ordem da continuidade do julgamento nesta quinta-feira (Ueslei Marcelino/Reuters)

Benjamin e Fux: os ministros discutem qual deve ser a ordem da continuidade do julgamento nesta quinta-feira (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de junho de 2017 às 10h44.

Brasília - Na terceira sessão de julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Luiz Fux disse que não se pode descartar o momento político na votação e se posicionou claramente contra o argumento de que haveria uma ampliação da causa de pedir - uma das preliminares apresentadas pelas defesas, que esperam excluir do julgamento a validade das delações da Odebrecht.

"Não se pode julgar sem atentar para a realidade política que se vive hoje. Somos uma Corte. Avestruz é quem enfia a cabeça", disparou Fux. "É impossível uma Corte descobrir fatos e não levar em consideração. A jurisdição não pode viver apartada da realidade fática e no nosso caso da realidade política."

"Não podemos deixar de passar a limpo esses fatos que, no meu modo de ver, são gravíssimos e contaminaram o processo eleitoral pela chaga da corrupção, iludindo o eleitor", afirmou o ministro.

Fux fez dura crítica à hipótese de a Corte decidir descartar as provas trazidas ao processo e se manifesta a favor de que a Corte julgue diretamente o mérito da causa, como quer o relator Herman Benjamin, e não haja o fracionamento da votação com a análise inicial sobre as preliminares, como quer o ministro Napoleão Nunes Maia, que tem dado a entender que votará contra a utilização dos testemunhos e provas trazidos pelos delatores da Odebrecht, sob o argumento de que não estaria no pedido inicial da acusação.

Na segunda sessão, quarta-feira, o ministro Herman Benjamin proferiu parte do seu voto, especificamente sobre as três preliminares que restam ser apreciadas.

Herman votou por rejeitar as três: cerceamento de defesa, uso de prova ilícita e ampliação da causa de pedir. Esta última é a em que se discute se é possível usar as delações da Odebrecht no julgamento. Fux dá a entender que concordará com Herman.

Os ministros discutem qual deve ser a ordem da continuidade do julgamento nesta quinta-feira. Se Herman vota no mérito, ou se todos votam primeiro as preliminares.

 

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