Dallagnol: "não sabemos se a Lava Jato fez o País sair dos trilhos da corrupção ou se voltaremos a este tipo de prática", disse (Rodolfo Buhrer/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 17 de março de 2017 às 14h47.
São Paulo - No dia em que a operação Lava Jato completa três anos de existência, o procurador do Ministério Público Federal (MPF) e coordenador da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, afirmou que ainda não consegue avaliar se a Operação é um "ponto fora da curva" no combate à corrupção no País.
"Não sabemos se a Lava Jato fez o País sair dos trilhos da corrupção ou se voltaremos a este tipo de prática", comentou o procurador nesta sexta-feira, 17.
Para ele, a Lava Jato tem grande representatividade e indica uma mudança no entendimento de que o crime compensa. "A operação provocou um rompimento da impunidade dos círculos de poder no Brasil."
Para que a Operação atinja um grau de perenidade e tenha repercussões positivas no futuro, o procurador pediu que o Poder Legislativo também atue para inibir as práticas de corrupção.
"É necessário irmos além da Lava Jato. As medidas mais significativas no tocante à corrupção foram promovidas pelo Judiciário", afirmou.
"A sociedade não pode colocar todos os pedidos e expectativas sobre o Judiciário - esse foi o erro da Itália (em referência à Operação Mãos Limpas). É preciso que sociedade, imprensa e Congresso caminhem para reformas", salientou o procurador.
Segundo Dallagnol, uma das mudanças promovidas pelo Judiciário a partir da Lava Jato foi o fim do financiamento empresarial de campanhas. "Outra mudança foi a condenação em segunda instância", lembrou.