Rodrigo Maia: presidente da Câmara também falou sobre reforma tributária e pacote anticrime (Amanda Perobelli/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de setembro de 2019 às 16h01.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta segunda-feira, 16, que não pretende se candidatar à Presidência da República enquanto as contas públicas do País não forem organizadas. O parlamentar, que participou de evento organizado pelo Brasil de Ideias, fez a afirmação ao responder uma pergunta da plateia sobre qual seria o seu futuro político.
"O futuro a Deus pertence. Estou bem como deputado", disse acrescentando que não pretende ser presidente da República enquanto as contas públicas não forem organizadas. Maia disse que tem visto as agruras dos presidentes, governadores e prefeitos que "apanham" todos os dias da sociedade e que não quer isso para ele. "Não quero ser (do poder) Executivo enquanto as contas públicas não forem organizadas", enfatizou, arrancando risadas da plateia.
Maia disse ainda que "se tudo der meio certo" a reforma tributária será votada em pelo menos uma da casas ainda este ano. Ou seja, ou na Câmara ou no Senado.
"As duas casas estão trabalhando. Se tudo der meio certo, uma casa vai votar. Nós estamos trabalhando para votar nas duas", disse Maia, acrescendo que o acordo com os governadores avançou muito.
E acrescentou: "Já tem comissão nas duas casas, os governadores entraram... o importante é irmos construindo o texto que possa de fato simplificar o sistema tributário brasileiro. O ideal que seja nas duas, mas não adianta ficar criando expectativas exageradas agora. Acho que pelo menos em uma das casas dá para votar um bom texto que caminhe com força para outra casa, que seja no Senado, que seja na Câmara."
O parlamentar afirmou que uma reforma que apenas simplifique os impostos manterá a carga tributária ainda muito elevada. Maia destacou que a referência da proposta apresentada pelo economista Bernard Appy é muito positiva. Ainda de acordo com o parlamentar, o caminho para o Brasil é o da organização dos impostos de bens e serviços.
O presidente da Câmara criticou durante o evento os altos salários nas esferas governamentais e disse que os salários de alguns servidores do Executivo superam em 67% os salários.
"A Câmara, sem os deputados, custa ao Brasil R$ 4,5 bilhões por ano", disse Maia, para quem é preciso que a sociedade passe a ter conhecimento da estrutura salariais no setor público. Para ele, se muitas das pessoas que hoje são contra a privatização da Eletrobras conhecessem a estrutura salarial da estatal certamente apoiariam a privatização da empresa.
Maia disse que o Parlamento continua esperando que o governo envie a sua proposta de reforma tributária. De acordo com ele, seria muito positivo ter uma proposta do Executivo à mesa para ser discutida.
Perguntado sobre quais são suas impressões sobre o pacto federativo, defendido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, Maia disse que "pacto federativo é organizar melhor as atividades dos entes federativos e desindexar as despesas públicas".
O presidente da Câmara voltou a dizer que o momento não é o adequado para se discutir a flexibilização do teto dos gastos, discussão que ganhou muita força nos últimos dias como sendo a solução para o governo passar a ter recursos para investir. "Acho que só deveríamos discutir o teto dos gastos depois que controlarmos as despesas", disse.
O deputado falou também que o pacote anticrime do ministro da Segurança, Sergio Moro, será votado nas próximas semanas. De acordo com Maia, o pacote não é definitivo na questão da solução dos problemas relacionados à segurança porque "não é uma reforma do sistema penitenciário global, mas são pontos que vão ajudar o trabalho da investigação seja do ponto de vista penal, seja do ponto de vista da corrupção", disse.