Brasil

'Não queremos vingança', diz entidade sobre inquérito

Associação dos Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (RS) vai acompanhar de perto, mas com neutralidade, a evolução do inquérito sobre incêndio


	Boate Kiss: fogo queimou a espuma de revestimento acústico, gerando uma fumaça tóxica que matou 234 pessoas no mesmo dia e outras sete posteriormente, em hospitais.
 (REUTERS/Ricardo Moraes)

Boate Kiss: fogo queimou a espuma de revestimento acústico, gerando uma fumaça tóxica que matou 234 pessoas no mesmo dia e outras sete posteriormente, em hospitais. (REUTERS/Ricardo Moraes)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de março de 2013 às 21h42.

Porto Alegre - A Associação dos Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (RS) vai acompanhar de perto a evolução do inquérito que apontou 28 pessoas com responsabilidades pelo incêndio da boate Kiss, mas com neutralidade. A decisão foi tomada em reunião da diretoria e anunciada em coletiva de imprensa nesta segunda-feira. "Sabemos que a entrega das conclusões da polícia é uma coisa e os desdobramentos que ainda virão são outra", explicou o presidente da entidade, Adherbal Ferreira. "Não tomaremos uma posição acusatória, mas de paciência", prosseguiu. "Queremos justiça, não abrimos mão disso, mas não queremos vingança".

Ferreira disse que a maioria dos participantes da associação ficou satisfeita com o resultado do inquérito que Polícia Civil enviou à Justiça na sexta-feira (22). Os cinco delegados que comandaram a investigação indiciaram 16 pessoas, das quais nove por dolo eventual. Também apontaram responsabilidades de outras 12, a quem não podem indiciar porque a admissibilidade e abertura de eventual processo cabem à Justiça Militar, no caso de bombeiros, e à 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, no caso do prefeito Cezar Schirmer (PMDB), que tem foro privilegiado.

A tragédia ocorreu na madrugada de 27 de janeiro e foi provocada pelo uso de artefato pirotécnico durante show musical. A boate estava superlotada e não tinha saídas de emergência. O fogo queimou a espuma de revestimento acústico, gerando uma fumaça tóxica que matou 234 pessoas no mesmo dia e outras sete posteriormente, em hospitais.

A polícia responsabilizou músicos e sócios da casa noturna, funcionários públicos, bombeiros e prefeito por ações e omissões que teriam levado à sucessão de falhas que criaram condições para o desastre, entre as quais emissão de alvarás sem todas as exigências de proteção contra incêndios, falta de fiscalização, instalações inseguras, superlotação, material de isolamento inadequado e show pirotécnico em ambiente fechado. Dos 16 indiciados que podem ir a júri popular, nove foram acusados de 241 homicídios e 623 tentativas de homicídio. O Ministério Público está analisando as 13 mil páginas e 52 volumes do inquérito desde a manhã de sábado e vai emitir seu parecer à Justiça na semana que vem.

Nesta quarta-feira, quando a tragédia completa dois meses, a associação vai pedir que os moradores de Santa Maria e as pessoas solidárias à dor dos familiares e vítimas se manifestem com algum sinal sonoro, sobretudo buzinas de automóveis, às 18 horas.

Acompanhe tudo sobre:Incêndio de Santa MariaMortesRio Grande do Sul

Mais de Brasil

Após ordem de Moraes, Anatel informa que operadoras bloquearam acesso ao Rumble no Brasil

Justiça Eleitoral condena Marçal por abuso de poder e o declara inelegível

Alexandre de Moraes determina suspensão do Rumble no Brasil

ViaMobilidade investirá R$ 1 bilhão nas linhas 8 e 9 para reduzir intervalos e reformar estações