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"Não precisamos fazer greve, só podemos fazer um lockdown", diz presidente de entidade policial

Segundo Leandro Lima, presidente da Associação Brasileira de Criminalística, a classe reitera que não é contra a PEC Emergencial, mas a forma como ela está interfere nos servidores públicos

Polícia Militar do Rio de Janeiro (Tânia Rego/Agência Brasil)

Polícia Militar do Rio de Janeiro (Tânia Rego/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de março de 2021 às 13h00.

Última atualização em 10 de março de 2021 às 13h01.

O presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), Marcos Camargo, afirmou nesta quarta-feira que "há muitas maneiras de parar o serviço da segurança" sem paralisar as atividades no País. "Não precisamos fazer greve, só podemos fazer um lockdown", afirmou.

Em coletiva de imprensa da União dos Policiais do Brasil (UPB) contra a inclusão da classe nas medidas de contenção de gastos da PEC Emergencial, Camargo afirmou que, apesar de os policiais não poderem paralisar as atividades, há uma saída de "colocar profissionais estritamente na atual estrutura de segurança do Brasil", em referência às medidas de distanciamento social pela pandemia da covid-19.

Segundo Leandro Lima, presidente da Associação Brasileira de Criminalística, "o crime não faz lockdown, não faz home office". Em sua avaliação, "não faz sentido criminalizar o servidor e sociedade proibindo contratação" de policiais. "Estamos aqui para nos posicionar e tudo isso vai contra a sociedade. A PEC Emergencial é importante, mas o serviço público também é essencial", afirmou.

A classe reitera que não é contra a PEC, mas a forma como ela está interfere nos servidores públicos. Para Lima, deve ser "cada um no seu quadrado".

Luís Boudens, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), afirma que "a sociedade está sendo manipulada sobre uma visão errada do servidor público". "Estamos vendo ataques sequenciais. As pessoas de bem devem saber que o servidor público não é culpado pelo que está acontecendo", em referência à crise econômica nacional.

Em sua visão, "está ocorrendo um atropelo em que os servidores públicos são colocados como culpados, como a única fonte para o auxílio emergencial". Para ele, o conjunto de discurso do presidente Jair Bolsonaro contra os servidores e a não realização do que prometeu na campanha presidencial de 2018 tem como "maior alvo a sociedade brasileira".

'Nunca embarcamos no governo'

Para o presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), Edvandir Paiva, o conflito com o governo Bolsonaro não significa uma ruptura com o chefe do Executivo, pois o apoio nunca existiu. "Não estamos desembarcando do governo porque nunca embarcamos em governo nenhum", afirmou. Segundo ele, "os policiais estão à disposição do Estado brasileiro e acreditaram que esse governo seria o governo que respeitaria os policiais".

Para Paiva, a tendência "natural" de agora é que os servidores "não acreditem novamente" no presidente. Após a reunião, a classe afirmou que não há mais protestos ou pronunciamentos programados.

 

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