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Bolsonaro lamenta "caneladas": Nasci para ser militar, não presidente

Em discurso no Palácio do Planalto, Bolsonaro fez um desabafo diante das dificuldades que o cargo impõe

Bolsonaro: presidente defendeu aprovação da reforma da Previdência proposta por sua gestão (Adriano Machado/Reuters)

Bolsonaro: presidente defendeu aprovação da reforma da Previdência proposta por sua gestão (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de abril de 2019 às 16h33.

Última atualização em 5 de abril de 2019 às 18h02.

Brasília - O presidente Jair Bolsonaro fez uma espécie de desabafo e um 'mea culpa' diante das dificuldades que o cargo impõe. "Desculpem as caneladas. Não nasci para ser presidente, nasci para ser militar", disse em discurso no Palácio do Planalto para inauguração do Espaço de Atendimento de Ouvidoria da Presidência da República. Na quinta-feira, 4, o presidente também se desculpou pelas "caneladas" em reunião com presidentes de alguns partidos, segundo o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.

Nesta sexta-feira, 5, em tom de brincadeira, ele também afirmou que às vezes se pergunta o que fez para "merecer isso". "Às vezes me pergunto, meu Deus, o que fiz para merecer isso? É só problema", afirmou sobre a função de presidente da República, rindo, ao finalizar sua fala no evento de inauguração. Ele deu a declaração ao falar que não possui qualquer ambição e que não lhe "sobe à cabeça" o fato de ser presidente.

Depois do evento, ao ser questionado se o cargo é mais difícil do que pensava, o presidente negou e falou que "sabia das dificuldades por ser um País grande". Ele justificou que existem "muitos vícios no Brasil". Citou como fatores de preocupação a violência, a empregabilidade e a educação. Sobre a fala de que "não nasceu para presidente", disse, aos risos, que "tem que se virar para não ser engolido".

Questionado se os problemas mencionados no discurso estariam relacionados também às dificuldades no diálogo com parlamentares e partidos políticos, respondeu que "cada um vai defender seus interesses" e que "isso é natural". "Temos que convencer o pessoal para mostrar a questão da (reforma) da Previdência. Se não aprovar agora, pelo menos grande parte, daqui dois a três anos vai faltar dinheiro para pagar quem está na ativa, vamos virar uma Grécia", declarou na coletiva de imprensa.

O presidente voltou a admitir que a proposta de capitalização na reforma da Previdência poderá não ser aprovada pelo Congresso e e ficar para outra oportunidade. Ele já havia falado sobre a possibilidade em café da manhã com jornalistas, pela manhã.

"Nós queremos aprovar o que está aí, mas se os parlamentares entenderem que está complicado, difícil de explicar agora, podem decidir deixar para outra oportunidade", disse na tarde desta sexta a jornalistas. "A gente gostaria que a proposta enviada fosse aprovada na íntegra, mas com toda certeza vai ser aperfeiçoada por parte do parlamento", minimizou Bolsonaro.

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