Diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres. (Jefferson Rudy/Agência Senado/Flickr)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 16 de fevereiro de 2022 às 17h17.
Última atualização em 16 de fevereiro de 2022 às 18h55.
O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, disse, nesta quarta-feira, 16, que os técnicos, diretores e servidores do órgão regulador não têm segurança para trabalhar e que constantemente recebem ameaças. A fala veio durante uma sessão da Comissão de Direitos Humanos do Senado em que ele respondeu a perguntas dos senadores sobre os ataques que os servidores vêm recebendo.
“Ouvimos que a ômicron é tranquila e branda, mas é a variante mais prevalente hoje no Brasil. Da imensa maioria de casos, poucos são os que vão morrer, mas os números ainda são altos. É muito importante que, pelo menos, as pessoas tenham tranquilidade de trabalhar, já que a segurança não foi provida, não há”, disse ele aos senadores durante a tarde desta quarta-feira.
Barra Torres ainda lembrou que nos últimos 15 dias, 63 aviões "caíram", resultando em mais de 12 mil mortes em decorrência da covid-19. “Até hoje nós falamos do voo da Air France. Isso é marcante e a covid-19 não é. O que a gente não se dá conta é de que todos os dias há aviões que estão caindo em território nacional. É razoável dizer que a pandemia está acabando?”, questionou.
A Anvisa recebeu até agora 458 e-mails com ameaças, que muitas vezes trazem palavras de baixo calão e intimidação, disse Barra Torres. As mensagens têm sido enviadas periodicamente para a Polícia Federal, para o Supremo Tribunal Federal (STF), para o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, para a Procuradoria-Geral da República e para o Ministério da Justiça.
O presidente da Anvisa contou que os servidores se sentem “profundamente impactados” pelas ameaças que recebem. Os 458 registros não incluem mensagens ameaçadoras que chegam por meio das redes sociais pessoais dos funcionários da agência.
A situação piorou depois que o presidente Jair Bolsonaro disse ter pedido “extraoficialmente” o nome das “pessoas que aprovaram a vacina para crianças a partir de 5 anos”. A declaração foi feita em live, em 16 de dezembro, mesmo dia em que a Anvisa aprovou o uso da vacina da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos.
Apesar de não ter como comprovar que a declaração foi a responsável pelo aumento dos ataques, Barra Torres ressaltou que a data coincide. “A aprovação [da vacina para crianças] ocorre no início da manhã e a fala, no fim do dia. Depois desse dia, chegamos, em até 48 horas depois, a 124 correspondências eletrônicas ameaçadoras ou agressivas, fazendo o total, até o dia 14, de 458”, disse.