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Não há razão para impeachment, diz Lula a jornal argentino

Ex-presidente disse também que as denúncias de corrupção devem ser separadas da condução do governo

A candidata Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula durante caminhada em Recife (Ricardo Stuckert/Instituto Lula/Divulgação)

A candidata Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula durante caminhada em Recife (Ricardo Stuckert/Instituto Lula/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 7 de setembro de 2015 às 09h46.

Brasília – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em entrevista ao jornal argentino Página 12 publicada neste domingo, 6, que não há "nenhuma razão" para o impeachment da presidente Dilma Rousseff e que as denúncias de corrupção devem ser separadas da condução do governo. "Não há nenhuma razão (para o impeachment), nenhuma razão para acusar Dilma. Todo mundo sabe o caráter do presidente", disse. "Há alegações de corrupção, mas que devem ser separadas da condução do governo".

Apesar de reconhecer as dificuldades do governo com o Congresso Nacional, Lula afirmou que o 'dever' da presidente Dilma é governar, pois ela foi eleita por 204 milhões de brasileiros. "Eu sei que hoje temos alguma incerteza na base política do governo por diferenças entre o Casa e o governo, entre os partidos políticos... Mas se recuperarmos a harmonia política também podemos resolver os problemas econômicos", disse.

Segundo Lula, é preciso ficar atento ao ciclo das ações do governo e que é preciso retomar os investimentos que, no entanto, dependem da credibilidade que as pessoas têm no governo. "Se a economia não cresce o Estado não coleta. Se o Estado não recolher o Estado não investe. Se o Estado não investir os empresários não investem, porque eles não têm confiança. Se o Estado não recolhe por conta desse ciclo, o Estado terá que aumentar os impostos", afirmou, destacando que isso enfraqueceria o governo politicamente. "Ou seja, há toda uma engenharia que não está em livros de economia, porque é político."

Lula, que afirmou ter aprendido sobre economia com a mãe que era analfabeta, fez críticas ao governo Dilma, que semana passada enviou ao Congresso o Orçamento de 2016 com a exposição do rombo de R$ 30,5 bilhões. "Você não pode gastar mais do que recebe. Você não pode gastar mais do que as receitas", disse. "Fazer política econômica é como dirigir as portas de uma hidrelétrica. Você tem que saber quando deixar a água e quando não. Você tem que gastar o que você pode gastar, limitado. Quando você adota uma política de isenção de impostos que você tem que saber qual será a consequência", afirmou.

O ex-presidente disse ainda que se dez economistas ficarem trancados em uma sala discutindo soluções para crise, a decisão será fazer "cortes, cortes e mais cortes". "Quando eu era presidente da República me cansava de dizer que não era economista, mas adorava os economistas, pois quando eles estão fora do governo eles sabem de tudo", afirmou.

Agenda

Lula passará a semana em viagens pelo Paraguai e Argentina. Nesta segunda-feira, 7, ele viaja para Assunção, onde fará na terça-feira, 8, uma palestra durante a celebração dos 10 anos de implementação do Programa de Transferências Monetárias com Corresponsabilidade "Tekoporã". Na quarta-feira, 9, Lula estará em Buenos Aires, onde participa de um evento ao lado da presidenta Cristina Kirchner e do governador e candidato à presidência pela Frente para a Vitória (FpV), Daniel Scioli.

A agenda de Lula na Argentina ainda conta com o recebimento de dois títulos Honoris-Causa, na Universidad de La Matanza e da Universidad Metropolitana para la Educación y el Trabajo, UMET, na noite de quinta-feira, 10, e uma palestra a empresários argentinos, na manhã de sexta-feira, 11, a convite da Fundación Desarrollo Argentino.

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