(Bloomberg / Colaborador/Getty Images)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 18 de novembro de 2020 às 13h01.
A cidade de São Paulo registra um aumento no número de internações por covid-19 desde a última semana. De acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde, a média diária de internações em leitos de enfermaria e de UTI está em 651 na região metropolitana da capital paulista, maior valor em dois meses.
Mas não é só a maior cidade do país que registra o avanço do coronavírus. Outras capitais, como Rio de Janeiro, Curitiba e Florianópolis, também contabilizam o aumento no número de internações em hospitais.
Em Curitiba, a secretária de Saúde, Márcia Huçulak, solicitou que as cirurgias eletivas fossem suspensas desde a terça-feira, 17, em hospitais públicos e privados que atendem pelo SUS. A suspensão é temporária, mas não há uma data para retomada dos procedimentos.
“É possível que tenhamos um aumento de internações na próxima semana. A medida é de precaução para destinarmos um pouco mais de leitos e ninguém ficar sem assistência”, disse a secretária.
Cirurgias eletivas são aquelas marcadas com antecedência, não urgentes. Adiar uma cirurgia significa destinar leitos e cuidados hospitalares para as emergências impostas pelo novo coronavírus.
A taxa de ocupação de leitos de UTI SUS exclusivos para a covid-19 na cidade está em 78%, com apenas 61 leitos livres, segundo dados mais receitas da prefeitura.
Florianópolis também adotou a medida de adiar cirurgias eletivas. Dos 30 leitos reservados no Hospital Florianópolis, referência para covid-19 na cidade, apenas quatro estavam disponíveis na terça-feira. O Hospital Celso Ramos está com lotação de 95% na UTI.
A taxa de ocupação de leitos na capital catarinense está em 84%, com apenas 14 disponíveis na rede do SUS.
O Rio de Janeiro é outra capital que enfrenta o mesmo problema. No último fim de semana, a ocupação de leitos de UTI para covid-19 na rede SUS do Rio era de 78%. O dado mais recente, da terça-feira, 17, mostra que a ocupação subiu para 80% na cidade, considerando os hospitais municipais, estaduais e federais.
Muitas especialistas em saúde dizem que este crescimento nas internações coincidiu com duas semanas após o feriado de Finados, em que várias aglomerações foram registrada pelo país. A covid-19 normalmente se manifesta em até 14 dias após a exposição com o vírus.
Ainda não dá para afirmar se é o começo de uma segunda onda, mas autoridades de saúde estão preocupados com a possibilidade. Na semana passada, o secretário da Saúde do estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, alertou para o aumento de infecções pelo coronavírus em encontros sociais, como reuniões familiares.
“A quarentena continua, precisamos estar atentos aos rituais da pandemia. Cumprimentos, como abraços e apertos de mão, continuam proibidos. E não é o que temos visto. As pessoas estão se aproximando e com elas o próprio vírus. O normal só vai acontecer após a vacina”, disse.
A médica infectologista do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo, Rosana Richtman, diz que o vírus ainda está circulando e uma segunda onda não está descartada.
“A gente precisa ficar atentos e alertas. Uma grande parte da população ainda não está imune e cansada das medidas de restrição. Elas estão se encontrando, fazendo festa e temos a possibilidade de uma segunda onda”, diz.
(Com Estadão Conteúdo)