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Lula diz que não vai ligar para negociar com Trump, mas para convidá-lo para a COP 30

Lula reúne na manhã desta terça-feira o Conselhão em busca de respaldo para a reação do governo ao tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos

Publicado em 5 de agosto de 2025 às 15h00.

Última atualização em 5 de agosto de 2025 às 15h06.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira, 5, que ligará para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para convidá-lo para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP) 30 que será realizada em Belém em novembro.

Lula afirmou que não tratará de questões comerciais com Trump, já que ele "não quer falar". O tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros entrará em vigor na próxima quarta-feira, 6.

"Não vou ligar para Trump para falar da questão comercial porque ele não quer falar. Eu vou ligar pro Trump pra convidá-lo para vir pra COP porque quero saber o que ele pensa da questão climática, vou ligar para ele, para Xi Jinping (presidente da China), para o Narendra Modi (primeiro-ministro da Índia)", afirmou durante sua fala na reunião do Conselhão.

O petista disse ainda que Trump se equivocou na forma como anunciou o tarifaço contra a importação de produtos brasileiros. Lula citou que Trump poderia ter ligado para ele ou para o vice-presidente Geraldo Alckmin para conversar. O petista citou ainda que ninguém pode dar a ele "ligação de negociação".

"Nesse mundo ninguém me dá lição de negociação. Já lidei com muitos magnatas no mundo", afirmou.

A ação dos americanos teve , em outras justificativas, o julgamento de Bolsonaro pela trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF). Na visão de Lula, esse pretexto é "eleitoral":

"O presidente dos Estados Unidos poderia ter pegado telefone, ligado pra mim, para Alckmin, estaríamos aptos a negociar. O pretexto da carta, da taxação, não é nem político, é eleitoral", disse.

Lula afirmou que o mundo não vai dar certo "se perdermos o respeito à soberania" ao citar o tarifaço dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Lula disse que o multilateralismo foi “a melhor coisa criada depois da Segunda Guerra”.

Acrescentou que o multilateralismo foi destruído para que as negociações passassem a ser feitas individualmente entre os países.

"Não é possível o mundo dar certo se a gente perder o mínimo de senso de responsabilidade, do respeito à soberania, à integridade territorial, à Suprema Corte dos países, ao Poder Judiciário como um todo, ao funcionamento do Congresso Nacional. Se nós passarmos a dar palpite sobre o que acontece nos outros países, nós estamos ferindo uma palavra mágica chamada soberania, que é o que faz a gente lutar e defender o nosso país", afirmou.

Lula reuniu na manhã desta terça-feira, em Brasília, o Conselhão em busca de respaldo para a reação do governo ao tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros. Lula afirmou que decidiu fazer um discurso lido "pela seriedade do momento":

"Pela seriedade do momento que estamos vivendo, resolvi fazer um discurso lido, para medir cada palavra", afirmou.

O tarifaço foi abordado por conselheiros em suas falas. Priscilla Nasrallah, sócia da Lina Frutas, pediu o adiamento da entrada em vigor das tarifas e falou sobre os riscos de os produtos estragarem. Clement Ganz, coordenador do fórum das centrais sindicais, disse que estão sendo feitas articulações que envolvem sindicatos americanos.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, classificou o tarifaço de "uma grande injustiça por parte de uma potência que aprendemos a admirar". Disse que a pode haver um "impacto importante", mas que o episódio pode ser uma oportunidade para fortalecer a economia brasileira.

A cerimônia marcou a troca de integrantes Conselhão. Quase metade dos conselheiros foram substituídos por novos membros. Entre as novidades, estão nomes de destaque, como da atriz Dira Paes, o ex-jogador de futebol Raí, a historiadora Heloísa Starling, e a ativista Txai Suruí.

A ideia é que as trocas deem uma “oxigenada” para o Conselhão, com novas ideias e projetos para esta reta final do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deve disputar a reeleição no ano que vem.

Criado no primeiro mandato de Lula, o Conselhão serviu, na época, para o petista buscar apoio para iniciativas que pretendia implantar ao chegar ao Planalto, como o combate à fome.

Com caráter amplo, o grupo reuniu nomes como o empresário Abílio Diniz, o economista Delfim Netto e sindicalistas. Lula usava o grande para mostrar ter respaldo amplo na sociedade para suas medidas.

Ao longo do tempo, o Conselhão perdeu importância. Foi extinto por Bolsonaro e retomado em 2023 por Lula, mas não chegou a alcançar a relevância do passado. Esta é a quinta vez que o colegiado se reúne de forma ampla desde sua recomposição.

Com Agência o Globo.

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