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"Não é o momento de Bolsonaro dar cutucada", diz governador do MT

Segundo ele, uma “crise de saúde, econômica e política” ocorrendo ao mesmo tempo têm potencial explosivo

Mauro Mendes: restrições de convívio social continuam valendo no estado (Geraldo Magela/Agência Senado)

Mauro Mendes: restrições de convívio social continuam valendo no estado (Geraldo Magela/Agência Senado)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de março de 2020 às 09h41.

Última atualização em 29 de março de 2020 às 10h26.

O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), criticou, em entrevista ao Estado, o enfrentamento do presidente Jair Bolsonaro com governadores que optaram por manter a quarentena. Segundo ele, uma “crise de saúde, uma crise econômica e uma crise política” ocorrendo ao mesmo tempo têm potencial explosivo para o País. A seguir, os principais trechos da entrevista:

Por que o sr. flexibilizou as regras para a quarentena no Mato Grosso?

Nós não mudamos praticamente nada. A única mudança que teve é que em um decreto nós proibíamos shopping e neste decreto abrimos. As demais restrições de convívio social, de aglomeração de pessoas e qualquer tipo de movimento social continuam valendo.

O sr. então nunca mandou parar as atividades econômicas?

Nós nunca proibimos em Mato Grosso o exercício das atividades econômicas, até porque estamos seguindo o protocolo técnico. Para salvar vidas, ele é necessário, mas tem que ter a hora certa para aplicar. O País vai quebrar de uma maneira que nunca mais se recupera.

O sr. pode rever essa medida mais flexível?

Claro. Não se pode aplicar um remédio na hora errada. As medidas restritivas precisam ir evoluindo, porque, segundo os cientistas é impossível o vírus não contaminar a população.

O sr. liberou o funcionamento dos shoppings, que é um ambiente de aglomeração...

Qual a diferença de entrar num supermercado, que estão cheios no Brasil inteiro, e entrar num shopping e ir determinada loja? Vai ter muito menos gente no shopping, onde não permiti o funcionamento das praças de alimentação.

O sr. está alinhado ao presidente Bolsonaro?

Eu não estou alinhado. Eu não compartilho com tudo o que o presidente disse.

Bolsonaro criticou governadores que adotaram medidas mais restritivas para conter o avanço do novo coronavírus. Como o sr. vê isso?

Respeitosamente ao nosso presidente, mas não é momento dele ficar dando cutucada em ninguém. Não é o momento de ficar criando problemas. Nós estamos tendo hoje uma grave crise na saúde, que vai se transformar numa grave crise econômica e pode virar uma grave crise política. A combinação dos três é explosiva.

Nesta crise do coronavírus, o sr. vê o risco de Bolsonaro se isolar tanto politicamente a ponto de sofrer um processo de impeachment?

Crises gigantescas podem ter consequências imprevisíveis e inimagináveis. Nós precisamos ter serenidade e reconhecer quem são os líderes nacionais no Congresso, governadores, prefeitos e ministros. E não fazer pequenas disputas com interesses eleitorais.

Mas, objetivamente, o sr. vê risco de impeachment?

Podemos ter surpresas inimagináveis, como podemos também, com cientistas encontrando um remédio, acalmar os ânimos e a coisa voltar.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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