Presidente Michel Temer (Adriano Machado/Reuters)
João Pedro Caleiro
Publicado em 8 de abril de 2017 às 09h47.
Última atualização em 8 de abril de 2017 às 11h15.
São Paulo - Em entrevista para o jornal Folha de São Paulo publicada neste sábado, o presidente Michel Temer avaliou que não cometeu "nenhum erro" em 11 meses de Presidência:
"Cometi acertos. E acertos derivados de muita coragem, com toda a franqueza. Até mais do que coragem, ousadia (...) Não creio que tenha praticado nenhum erro".
Perguntado sobre a repercussão do seu discurso do Dia da Mulher, em que disse que "tem convicção do quanto a mulher faz pela casa", ele disse que não se arrepende "porque houve uma interpretação equivocada. Quem lesse o discurso por inteiro, verificaria."
Sobre a reforma da Previdência, ele disse que o ponto "fundamental" é o estabelecimento de uma idade mínima de aposentadoria, definida em 65 anos na proposta atual, mas admitiu alguma diferenciação entre homens e mulheres.
Na semana passada, o presidente autorizou publicamente Arthur Maia (PPS-BA), relator da matéria no Congresso, a modificar 5 pontos do texto.
Estão agora em aberto as regras de transição, as normas para aposentadoria rural, o acúmulo de pensões, aposentadorias especiais para professores e policiais e os Benefícios de Prestação Continuada.
Na entrevista, Temer diz que "cedemos até onde podemos", pois sabia desde o primeiro momento que isso seria necessário, e que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse a ele que o impacto fiscal seria mínimo.
Meirelles disse ontem que a economia do governo em uma década cairia de R$ 750 bilhões a R$ 800 bilhões para cerca de R$ 650 bilhões, ou cerca de 20%, com as mudanças em relação ao texto original.
Temer disse também que a lei de terceirização aprovada é "de uma singeleza extraordinária", sem apontar novas regras que poderão ser incluídas:
"Não vejo nenhum prejuízo ao trabalhador. Se me for apontado prejuízo, eu tenho a reforma trabalhista para introduzir algum preceito ou outra fórmula qualquer."
O presidente também afirmou que não rompeu com Renan Calheiros, líder do PMDB no Senado e que tem feito críticas públicas ao presidente, mas que "ele está, digamos, atrasado, segundo as concepções de realidade".
Temer também não vê nenhum conflito em sua relação próxima com Gilmar Mendes, que como presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) está responsável por decisões no julgamento da cassação de sua chapa.
Perguntado se uma decisão que o tirasse do poder traria instabilidade ao país, ele disse que prefere não falar em causa própria mas que "a pergunta já responde por mim".