Lula e Bolsonaro: a presença dos dois candidatos nas redes cresceu com a proximidade da eleição (Montagem/Exame)
Carolina Riveira
Publicado em 25 de setembro de 2022 às 08h00.
Última atualização em 25 de setembro de 2022 às 08h42.
A uma semana do primeiro turno das eleições, a disputa entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula na arena das redes sociais está "empatada", mas com vantagens específicas para cada um dos lados.
É o que conclui levantamento da agência de mídias .MAP, que analisou o comportamento nas redes sobre Bolsonaro e Lula ao longo do ano.
O levantamento é resultado da avaliação qualitativa amostral da .MAP, em um universo diário de 1,4 milhão de posts abertos no Facebook e Twitter no período entre janeiro e setembro, até quinta-feira, 22.
Para ambos os candidatos, tem havido um crescimento da conversa sobre política e sobre as candidaturas nos últimos meses, alta natural dada a proximidade das eleições, aponta Marilia Stabile, diretora geral da .MAP. O tema "Eleições" responde por mais de um terço do universo de postagens em setembro, diz a .MAP.
E tanto Bolsonaro quanto Lula estão em patamar hoje maior de "impacto" do que no começo do ano — isto é, incluindo menções, curtidas compartilhamentos e respostas, com índice elaborado pela .MAP com base na importância de cada tipo de interação (veja no gráfico abaixo, nas barras).
Apoio (nas linhas, parte superior) e impacto (nas barras, parte inferior) nas redes: Bolsonaro tem mais impacto e Lula tem mais apoio nas postagens (PontoMap/Divulgação)
Por outro lado, na análise qualitativa das postagens, há diferenças, aponta Stabile.
Bolsonaro tem mais participação (no total de postagens) e impacto no índice da .MAP (isto é, consegue gerar maior engajamento — positivo ou negativo).
A única vez em que Lula superou Bolsonaro em impacto foi em maio, com a repercussão do casamento com a socióloga Rosângela da Silva, a Janja e da capa da revista TIME com Lula.
O período incluiu as manifestações do 7 de setembro convocadas por Bolsonaro e as viagens do presidente a Londres, para o funeral da rainha Elizabeth II, e a Nova York, para a Assembleia Geral da ONU, onde discursou.
Pelo período em que o estudo foi finalizado, os números não incluem ainda a repercussão do debate presidencial neste sábado, 24, ao qual Lula não compareceu, nem a repercussão posterior da ida do ex-presidente ao programa do Ratinho, na noite de quinta-feira, 22.
A diretora da .MAP ressalta ainda que momentos de Bolsonaro em setembro como a ida ao funeral da rainha Elizabeth tiveram muitos comentários negativos para o presidente.
Por isso, na comparação, Lula também tem conseguido em setembro manter uma aprovação mais alta apesar de, paralelamente, avançar em impacto na comparação com o começo do ano — o petista ficou mais exposto, mas a aprovação não despencou.
Crescer em impacto é, por si só, um desafio histórico da esquerda nas redes, um palco dominado pela direita e apoiadores do presidente Bolsonaro, que são "muito mais organizados, desde antes de 2018", aponta Stabile.
A .MAP avalia que a maior positividade da campanha de Lula vem não só de perfis lulistas hoje, mas de um grupo mais heterogêneo de perfis. A chegada do deputado federal André Janones, que tem grande presença no Facebook e engajamento alto no Twitter, também ajudou nos números e a falar com novos públicos, diz a consultoria.
"Falar só para sua rede e para o seu público e ter maior presença não significa ter maior apoio. Os brasileiros nas redes estão com uma agenda própria", diz Stabile. "Há muitos influenciadores não lulistas [na análise de perfil da .MAP] que estão apoiando Lula, o que reflete nesses números."
Ainda assim, eventos na reta final, como debates na televisão, horário eleitoral e acusações de ambos os lados, podem repercutir nas redes e gerar algum impacto - nas eleições de 2022, os meios têm sido usados de forma amplamente cruzada, isto é, com conteúdos da televisão repercutidos nas redes e vice-versa. Nos poucos dias restantes até o primeiro turno em 2 de outubro, e o segundo turno se houver, em 30 de outubro, as campanhas terão de buscar "furar a bolha" como nunca.
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