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Na eleição de Roraima, o que importa mesmo é a Venezuela

Candidatos ao governo de Roraima debatem sobre a entrada de imigrantes venezuelanos pelas fronteiras

VENEZUELANOS EM RORAIMA: segundo a Agência da ONU, mais de 75 mil venezuelanos procuraram a Polícia Federal do estado desde 2015 para regularizar a permanência no Brasil

VENEZUELANOS EM RORAIMA: segundo a Agência da ONU, mais de 75 mil venezuelanos procuraram a Polícia Federal do estado desde 2015 para regularizar a permanência no Brasil

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Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2018 às 05h45.

Última atualização em 19 de setembro de 2018 às 06h25.

Os candidatos ao governo de Roraima se concentram numa pauta pouco comum em eleições nacionais: a entrada de imigrantes venezuelanos pelas fronteiras, sobretudo na cidade de Pacaraima.

Segundo a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), mais de 75.000 venezuelanos procuraram a Polícia Federal do estado desde 2015 para regularizar a permanência no Brasil. Destes, 46.700 solicitaram o status de refugiado, que concede o direito de atuar no país com maior autonomia.

O que era para ser uma questão humanitária virou um problema aos olhos dos políticos, sobretudo depois que, em julho, Roraima foi palco de uma série de ataques contra os venezuelanos. Um venezuelano morreu na capital Boa Vista, após ser linchado por suspeita de furto.

A atual governadora de Roraima, Suely Campos (PP), foi uma das que perderam pontos com os eleitores na gestão dos refugiados. Com uma taxa de rejeição de 62%, sua chance de chegar ao segundo turno e conquistar a reeleição tem ficado cada vez mais distante. Suely segue culpando o governo federal, que segundo ela “trata os estados pequenos em segundo plano”.

A governadora foi a responsável por pedir o fechamento das fronteiras (negado pelo Superior Tribunal Federal), além de editar um decreto restringindo serviços públicos aos venezuelanos (considerado flagrantemente inconstitucional pela Advocacia-Geral da União).

Segundo pesquisa Ibope, divulgada na segunda-feira, o candidato Anchieta Júnior (PSDB) aparece como favorito, com 41% das intenções de voto. Em segundo lugar está Antônio Denarium (PSL), com 29%. Suely está em terceiro, com 9%. Em um cenário de segundo turno, Anchieta também leva a melhor sobre Denarium: 49% ante 40%. Seria sua volta ao poder, já que comandou o estado em 2007, após a morte de Ottomar Pinto. Reeleito em 2010, acabou cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral por abuso de poder, mas se manteve no cargo por liminar.

Para Anchieta, o governo do estado deveria implementar selecionar os venezuelanos. “Está faltando um certo critério na seleção da entrada das pessoas na fronteira. Por exemplo, uma barreira sanitária, com exigência de cartão de vacinação, e certidão negativa criminal”, afirmou em entrevista à rede Globo. A proposta de cota foi negada pelo governo federal, mas ele garante que, se for eleito, vai voltar a cobrar a sua implementação.

Antonio Denarium, do mesmo partido do candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL), vai além: quer o fechamento das fronteiras. “Tem que restringir a quantidade da mesma forma que a Itália e a Alemanha estão fazendo”.

A radicalização contra imigrantes deve crescer na reta final. Roraima é o estado onde Bolsonaro tem mais intenção de voto no Brasil: 38%, segundo o Ibope. Para essa grande parcela dos roraimenses, a solução está na linha dura.

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