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Mulheres protestam contra o feminicídio no Rio

Com participação esmagadoramente feminina, o ato somou-se a vários outros convocados em diferentes países da América Latina

Protesto: o ato reuniu centenas de pessoas (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Protesto: o ato reuniu centenas de pessoas (Fernando Frazão/Agência Brasil)

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AFP

Publicado em 26 de outubro de 2016 às 08h32.

Última atualização em 6 de julho de 2020 às 11h37.

"Nenhuma a menos, viva nos queremos" foi o uníssono repetido nas ruas do Centro do Rio de Janeiro na noite desta terça-feira, em um protesto que reuniu centenas de manifestantes contra o machismo e em defesa dos direitos das mulheres no Brasil e no restante da América Latina.

Com participação esmagadoramente feminina, o ato somou-se a vários outros convocados em diferentes países da América Latina, como México, Chile e Peru, após o assassinato da adolescente argentina Lucía Peres por dois homens em Mar del Plata, que a drogaram, violentaram e empalaram.

"Este ato foi organizado contra a barbárie do feminicídio, contra a cultura do estupro, em um movimento de solidariedade. A nossa luta (feminista) tem que ser uma só. Nossa resposta é uma só", disse Clara Saraiva, 29 anos, uma das organizadoras do ato, que estimou o número de participantes em três mil pessoas.

Segundo uma jornalista da AFP presente no local, o ato reuniu centenas de pessoas.

A solidariedade das mulheres latino-americanas foi demonstrada em uma grande faixa em espanhol com a frase "Ni una a menos", reproduzida também em português.

"Que ótimo ver essa luta americanizada", comemorou ao microfone a militante mexicana Jimena, de 30 anos.

Grande parte das mulheres usava roupas pretas, simbolizando o luto pelo feminicídio, tinham no corpo pinturas na cor vermelha. Carregavam cartazes e balões na cor lilás, cor do movimento feminista. Em uma ala à frente do ato, mães levavam suas crianças, muitas delas ainda no colo, sendo amamentadas.

"Fui vítima do machismo e ser mãe de menina é conviver com isso todos os dias. Ela ouve toda hora que precisa se comportar, que tem que cruzar as pernas. Temos que empoderá-las", explicou Tatiana Gouveia, editora de vídeo de 32 e mãe da pequena Clarisse, de 7 anos.

Apesar de o ato ter sido convocado após o feminicídio que chocou a Argentina, denúncias recentes também geraram forte indignação no Brasil. Há poucos dias, uma mulher de 34 anos foi vítima de um estupro coletivo em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio."Minha obrigação é estar na rua, não posso ficar em casa fazendo tricô", disse a aposentada Márcia, de 80 anos, demonstrando que o combate ao machismo não tem idade.

Segundo cifras publicadas em setembro pelas Nações Unidas, o Brasil é o país com o quinto maior registro de feminicídios no mundo, com uma taxa de 4,8 casos por grupo de cem mil mulheres.

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