João de Deus: médium de Goiás está preso por estupro de vulnerável (TV Brasil/Divulgação)
Agência Brasil
Publicado em 13 de março de 2019 às 12h56.
Última atualização em 13 de março de 2019 às 15h57.
Mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do Movimento Camponês Popular (MCP) ocuparam, na manhã de hoje (13), a fazenda Agropastoril Dom Inácio, em Anápolis (GO).
A propriedade pertence ao médium João Teixeira de Faria, mais conhecido como João de Deus, e que se tornou réu em duas ações penais sob acusações de violação sexual mediante fraude e de estupro de vulnerável.
As vítimas seriam mulheres que frequentavam o centro espírita Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO), onde ele fazia atendimentos.
Em nota, o MST informa que a mobilização desta quarta-feira (13), que integra a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra, tem como objetivo dar visibilidade a "um território que é fruto do abuso, do estupro e da violência".
"Lutamos #PorTodasNós em um Brasil que, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), é o quinto em mortes violentas de mulheres no mundo. Em um país que, em pleno século 21, manda assassinar a sangue frio uma mulher, uma vereadora democraticamente eleita. É #PorTodasNós que precisamos descobrir quem são os mandantes da execução de Marielle Franco. Quem planejou e contratou a sua morte? Exigimos saber que grupo político foi capaz de mandar matar uma vereadora. Nosso compromisso é seguir como parte da necessidade da luta permanente do atual momento em que vivemos", diz a nota.
As manifestantes, segundo o MST, protestam contra o machismo e o patriarcado e contra a desigualdade social e a concentração de riquezas. "Contra tudo o que nos cala, nos humilha e nos mata, seguimos, por todas nós!".
As ações penais que João de Deus responde têm como base denúncias oferecidas pelo Ministério Público de Goiás. O médium permanece preso, embora desembargadores da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) tenham concedido, nesta terça-feira (12), habeas corpus em favor dele e de seu filho Sandro Teixeira, que teria cometido os crimes de coação de testemunha e corrupção ativa, em 2016.
O motivo pelo qual João de Deus não pôde deixar a prisão foi o fato de que existem, em outros processos em tramitação, outros mandados de prisão contra ele.
Ele se encontra, desde o dia 16 de dezembro de 2018, no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia (GO).
Fundada em 1976, a Casa Dom Inácio de Loyola garantiu a João de Deus uma posição de proeminência na comunidade local.
Em pouco mais de quatro décadas de atividade na casa espírita, além de conquistar prestígio em Abadiânia, o médium tornou-se famoso também em âmbito internacional, atraindo para si e para a cidade as atenções de autoridades como os ex-presidentes Dilma Rousseff e Michel Temer e de celebridades, como foi o caso das apresentadoras Xuxa Meneghel e Oprah Winfrey.