Raquel Muniz: deputada argumentou que não há razões jurídicas para a prisão preventiva do marido (Reprodução / YouTube)
Da Redação
Publicado em 19 de abril de 2016 às 19h06.
A deputada federal Raquel Muniz (PSD-MG), mulher do prefeito da cidade mineira de Montes Claros, Ruy Muniz, preso ontem (18), em Brasília, pela Polícia Federal, reiterou hoje (19) o elogio que fez ao marido no domingo (17) ao declarar voto favorável à admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Na ocasião, a parlamentar disse que o Ruy Muniz era “exemplo de gestor”.
Em nota divulgada pela liderança do PSD, a deputada argumentou que não há razões jurídicas para a prisão preventiva do marido, durante a Operação Máscara da Sanidade 2.
“Reitero cada uma das palavras ditas no dia 17 de abril durante a votação para aceitar o processo de impedimento da presidente Dilma Rousseff. Montes Claros tem um gestor íntegro, ético e que preza pela transparência das suas ações”, diz trecho da nota.
Para a deputada mineira, a investigação da Polícia Federal é motivada por “razões de outras ordens” e “não republicanas”. Para ela, a prisão foi desnecessária por não haver risco à ordem pública, perigo de fuga e indício de obstrução da justiça. “O meu marido, ao contrário do que está sendo amplamente noticiado, não teve a prisão decretada por motivos de corrupção e quem teve o senso ético de buscar a verdadeira motivação na decisão judicial pode verificar isto.”
Declarando-se uma “pessoa de bem”, a deputada Raquel Muniz disse estar à disposição da Justiça e da sociedade para fazer os esclarecimentos necessários. “Sou mulher de fé e permaneço acreditando na Justiça”, afirmou na nota.
A Operação Máscara da Sanidade 2 investiga crimes de falsidade ideológica, dispensa indevida de licitação pública, estelionato, prevaricação e peculato. Além Rui Muniz, foi presa preventivamente a secretária de Saúde do município, Ana Paula Nascimento, e cumpridos mais quatro mandados de busca e apreensão e dois de busca pessoal.
As investigações mostram que os acusados, direta e indiretamente, pretendiam inviabilizar a existência e o funcionamento dos hospitais públicos e filantrópicos de Montes Claros que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para favorecer hospital particular pertencente e gerido pelo prefeito e parentes dele. Em caso de condenação, as penas máximas aplicadas aos crimes ultrapassam 30 anos.
A Polícia Federal informou que, em outubro de 2015, o prefeito e a secretária de Saúde retiraram cerca de 26 mil consultas especializadas e 11 mil exames dos hospitais, deixando de prestar serviços correspondentes pela rede municipal, o que prejudicou a população. Além disso, desde julho de 2015, Ruy Muniz estaria empregando dinheiro público para divulgar em veículos de comunicação uma campanha difamatória contra os hospitais públicos e filantrópicos, inclusive se valendo de informações falsas.
A prefeitura de Montes Claros, em nota, informou que recebeu com serenidade a decisão judicial que determinou a prisão do prefeito e da secretária. A prefeitura também informa que tem "plena convicção" de que a decisão da Justiça será revertida e de que o prefeito e a secretária serão soltos e inocentados.