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Mujica pede a jovens que não cometam os erros de sua geração

O ex-presidente foi recebido pelos estudantes UERJ, no Rio de Janeiro. Mujica enfatizou que "é preciso pensar como espécie, não como país"


	Encontro com estudantes da UERJ: Mujica esclareceu que o que se aprovou sob seu mandato no Uruguai em 2014 foi "sua regulação, não sua legalização". E afirmou "que nenhuma dependência seja boa, exceto a do amor"
 (Agência Brasil/ Fernando Frazão)

Encontro com estudantes da UERJ: Mujica esclareceu que o que se aprovou sob seu mandato no Uruguai em 2014 foi "sua regulação, não sua legalização". E afirmou "que nenhuma dependência seja boa, exceto a do amor" (Agência Brasil/ Fernando Frazão)

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Da Redação

Publicado em 28 de agosto de 2015 às 07h31.

Rio de Janeiro - O ex-presidente do Uruguai, José Mujica, foi aclamado nesta quinta-feira por milhares de estudantes que lotaram o anfiteatro da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

Atônito perante a sonora ovação com que foi recebido pelos estudantes que tomaram tanto o anfiteatro como um estacionamento vizinho onde seu discurso foi retransmitido em um telão, Mujica quis deixar claro desde o princípio, já com suas primeira palavras, que "ninguém é melhor que ninguém".

"Aos 80 anos eu não venho buscar aplausos, venho acender o pavio da militância pelas causas nobres", declarou Mujica perante os estudantes da universidade e vários curiosos.

O ex-presidente, que governou o Uruguai entre 2010 e 2015, disse aos jovens que seu futuro depende da "clareza" que tenham em seu atual momento, quando estão formando-se como pessoas, e lhes convidou não só a "sonhar", mas também a "lutar" para assim poder criar "ferramentas políticas de compromisso coletivo".

"Não cometam os erros da minha geração, cometam os seus", pediu o ex-guerrilheiro, cuja passagem pelo grupo Tupamaros lhe deixou de lembrança seis ferimentos de bala e os 14 anos de prisão cumpridos durante a ditadura uruguaia.

Mujica sugeriu aos presentes que desconfiem dos "apaixonados pelo dinheiro" e busquem valores que estão muito acima da posse material, já que a atual civilização, disse, "não tem consciência, tem caixa-forte".

O ex-presidente uruguaio, que estava no Rio para receber o prêmio Personalidade Sul 2015, concedido pela Federação de Câmaras de Comércio e Indústria da América do Sul (Federasur), falou também sobre os grandes problemas que, segundo ele, lastram o continente.

"O maior problema da América Latina é a desigualdade", ressaltou este presidente que durante seu mandato ganhou o coração de milhões de pessoas no mundo todo graças a sua simplicidade e austeridade.

De acordo com o ex-presidente uruguaio, a América do Sul "está convulsionada", não só pela ameaça da direita, mas também pela falta de união, tanto das forças políticas de esquerda, como dos países que formam o continente.

"Vocês não têm porquê deixar de ser brasileiros, mas têm que ser também latino-americanos", disse Mujica aos estudantes, respondendo sem saber a uma das principais inquietações que se podia sentir na plateia.

"Esperamos que fale da situação da América Latina e de novas possibilidades para sua configuração política", declarou à Agência Efe momentos antes do início da conversa a professora de História da UERJ, Carina Martins Costa.

No entanto, além do discurso de irmandade continental no qual condenou "movimentos golpistas", Mujica enfatizou que "é preciso começar a pensar como espécie, não como país".

O ex-presidente uruguaio, que aceitou perguntas do público, foi questionado por alguns temas em debate no Brasil, como a redução da maioridade penal e a descriminalização do consumo de maconha.

Em relação à redução da maioridade penal dos 18 aos 16 anos, Mujica deixou claro que "não considera um caminho ideal", e menos na América Latina onde as prisões são autênticas "universidades do crime".

Quanto à maconha, Mujica esclareceu que o que se aprovou sob seu mandato no Uruguai em 2014 foi "sua regulação, não sua legalização", já que, apesar da importância de tirar o consumo da clandestinidade, o ex-presidente afirmou não crer "que nenhuma dependência seja boa, exceto a do amor". 

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