Brasil

Mudanças no IOF agradam a cooperativistas

Setor defende estímulo ao uso de cooperativas para diminuir as taxas cobradas pelos bancos

O representante das cooperativas discorda de Mantega e acha que o aumento do IOF não reduz a inflação (Elza Fiúza/Agência Brasil)

O representante das cooperativas discorda de Mantega e acha que o aumento do IOF não reduz a inflação (Elza Fiúza/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de abril de 2011 às 16h38.

Brasília – As mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) não atingem o cooperativismo e foram boas para o setor, avaliou hoje (8) o superintendente do Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil - Central Distrito Federal (Sicoob), Edivaldo Alves de Oliveira. Segundo Oliveira, o Decreto7.458 altera apenas o Artigo 7º de outro decreto que regulamenta o IOF e por isso mesmo afeta apenas os bancos.

Ontem (7) à noite, em São Paulo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que, a partir de hoje (8), a alíquota do IOF para operações de crédito de pessoa física passará de 1,5% para 3% ao ano, como forma de tentar frear a inflação. O com a elevação foi publicado no Diário Oficial da União de hoje.

“Isso foi considerado um bom sinal, porque o setor não aumentará seus custos”, afirmou Oliveira. Para ele, o governo deveria inclusive estimular ainda mais o potencial do setor, a fim de combater o potencial de juros dos bancos.

“É assim no Canadá e em outros países. As cooperativas cresceram tanto que os bancos são obrigados a baixar as taxas”, disse o superintendente do Sicoob. Pelos cálculos de Edivaldo Oliveira, as cooperativas giram cerca de 2% do volume financeiro dos bancos.

Oliveira não acredita que as medidas ajudem o governo a reduzir as pressões inflacionárias. Para ele, elas são apenas uma maneira de aumentar a arrecadação. Antes de mais nada, afirma Oliveira, é preciso difundir a educação financeira no país. “Porque o cara que compra, continua comprando. Ele vai pagar os juros, mas, na cabeça dele, é só fazer um cálculo que resulte em um valor dentro da margem aceitável, que ele vai lá e paga o crédito.”

Para ele, a vantagem do cooperativismo é que o processo envolve educação financeira, diferentemente do que ocorre nos bancos.

Dizendo que não queria criticar os bancos, Oliveira ressaltou que o que o banco quer é liberar o recurso. "Tanto é que ele repassa os recursos de imediato para o cliente."

A auxiliar administrativa Maria das Graças Trindade também não está convencida de que as medidas ajudarão a reduzir a inflação. “Acho que as pessoas vão continuar comprando do mesmo jeito, porque ninguém consegue comprar à vista.”

Mas nem todos gostam de se endividar e, por isso, há os que acreditam em um grande impacto da elevação do IOF no seu orçamento. É o caso da auxiliar de serviços gerais Eliane Ferreira de Farias. “Eu não compro a crédito porque acho os juros abusivos. Não vale a pena.

Eu junto o dinheiro para depois comprar à vista”, disse.

A aposentada Maria Bernadete Peixoto não gostou das alterações. Ela considera ruim o governo estimular o consumo e depois recomendar que se pare de comprar “as coisas de que as pessoas estão precisando”.

Para o advogado Cláudio Marques, a pressão inflacionária não será reduzida e os efeitos serão parecidos com os das que o governo vem tomando para tentar reduzir a sobrevalorização do real ante o dólar. “Não vai resolver. Tem sido assim com as decisões sobre o dólar, que vem caindo, e está abaixo de R$ 1,60."

O motorista de táxi Francisco Solano Cassiano espera um efeito cascata nos preços. “Minha sorte é que eu troquei o carro agora, mas, daqui a dois anos, quando pretendo trocar novamente, se isso não mudar, não sei como vou fazer."

Acompanhe tudo sobre:InflaçãoImpostosLeãoIOF

Mais de Brasil

Câmara aprova projeto de lei que dificulta aborto legal em crianças

Após megaoperação, Moraes abre inquérito sobre crime organizado no Rio

PEC que flexibiliza privatização da Copasa é aprovada na Assembleia de Minas

Câmara aprova urgência de projeto que dificulta aborto legal em crianças