Raio X mostra pulmão atacado por tuberculose: busca de Sintomático Respiratório (BSR) pode descobrir casos de tuberculose (Spencer Platt/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 21 de agosto de 2012 às 09h56.
São Paulo - Na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP, uma pesquisa aponta que é necessário rever o processo de trabalho dos serviços de saúde para a descoberta precoce de casos de tuberculose, a chamada Busca de Sintomático Respiratório (BSR).
A descoberta acontece a partir do questionamento de sintomas respiratórios como presença de tosse há três ou mais semanas de duração. Para que a busca aconteça, a enfermeira Beatriz Estuque Scatolin, autora do estudo, defende melhorias na capacitação e formação dos profissionais de saúde nessa área, especialmente, dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) que mantêm vínculo mais próximo com a comunidade.
Para o estudo foram entrevistados 210 agentes comunitários de saúde, em dois municípios brasileiros, Natal (Rio Grande do Norte), e Ribeirão Preto, (São Paulo), considerados prioritários para o controle da tuberculose, segundo o Ministério da Saúde. Em Natal, as principais fragilidades reveladas pelo estudo foram em relação à estrutura dos serviços de saúde para a BSR.
Entre elas, a baixa utilização da baciloscopia de escarro – teste que confirma o diagnóstico de tuberculose pulmonar, ausência de geladeira para armazenar a amostra de escarro e a falta de laboratórios responsáveis pelo recolhimento dessas amostras.
Já em Ribeirão Preto, além da baixa utilização da baciloscopia de escarro, verificou-se ausência de livro de registro de sintomáticos respiratórios, falta de profissionais da atenção básica, responsáveis pelo cuidado do doente, e de rotina sistematizada para o atendimento do suspeito de tuberculose.
Outros fatores preocupantes nas duas cidades, diz a pesquisadora, são a fragilidade na ação de investigação da tosse nas visitas domiciliares; a falta de oferta de pote de escarro; falta de parcerias com a comunidade para a BSR e para discussões sobre a tuberculose.
Agentes Comunitários
Na percepção dos Agentes Comunitários de Saúde, houve satisfação no treinamento e preparo dos agentes para o controle e identificação da tuberculose. “A boa notícia é que as informações sobre a doença que chegam a comunidade, a participação dos agentes em discussões sobre a tuberculose no serviço de saúde e o apoio institucional em situação de suspeita da doença são adequados”, diz a pesquisadora.
Segundo Beatriz, para melhorar a situação encontrada é preciso dar ênfase na educação permanente em saúde, além de capacitar e melhorar a formação desses profissionais, especialmente os agentes comunitários que mantêm vínculo mais próximo com a comunidade.
Uma ação compartilhada entre os vários seguimentos sociais como meio de fortalecer as ações à tuberculose, em especial a busca precoce por sintomas, também é apontada como fundamental pela pesquisadora. “A enfermagem como supervisora do trabalho dos agentes possui um papel fundamental no êxito na BSR”, conclui Beatriz.
A dissertação “A Busca de sintomáticos respiratórios de tuberculose pelo Agente Comunitário de Saúde em dois municípios prioritários: Natal e Ribeirão Preto” foi orientada pelo professor Pedro Fredemir Palha, da EERP, e defendida em março deste ano.