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MST volta a ocupar fazendas e cobrar reforma agrária

Todos os anos, o movimento realiza atos durante o mês de abril para relembrar a memória dos 19 camponeses mortos em 1996

MST: uma das propriedades fica em Taubaté, no Vale do Paraíba, interior do estado, às margens da rodovia Presidente Dutra, na altura do km 119 (MST - Movimento dos Trabalhadores sem Terra/Facebook/Divulgação)

MST: uma das propriedades fica em Taubaté, no Vale do Paraíba, interior do estado, às margens da rodovia Presidente Dutra, na altura do km 119 (MST - Movimento dos Trabalhadores sem Terra/Facebook/Divulgação)

AB

Agência Brasil

Publicado em 17 de abril de 2017 às 13h51.

Última atualização em 17 de abril de 2017 às 13h52.

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiram hoje (17), no estado de São Paulo, duas fazendas já ocupadas anteriormente para cobrar pressa no assentamento de famílias sem terra. A manifestação faz parte da Jornada Nacional de Lutas do MST, segundo militantes.

Uma das propriedades fica em Taubaté, no Vale do Paraíba, interior do estado, às margens da rodovia Presidente Dutra, na altura do km 119. A Fazenda Guassahy tem cerca de 100 hectares (cada hectare corresponde, aproximadamente, à área de um campo de futebol de medidas oficiais) e, segundo o MST, está abandonada e pertence à prefeitura de Taubaté.

A prefeitura, no entanto, não confirmou ser proprietária do terreno. Procurada pela Agência Brasil, a assessoria de imprensa disse que, em função do feriado municipal, a situação cadastral da área não pôde ser verificada.

"Nesta terça, com o retorno às atividades, será possível confirmar e avaliar a necessidade de acionarmos a Secretaria de Negócios Jurídicos para adotar as medidas cabíveis", informou o órgão, em nota.

Guardas municipais e policiais militares estiveram no local, e deixaram a área sem confronto. Dois funcionários de empresas próximas ao terreno informaram que o local é usado para criação de gado e, eventualmente, provas esportivas.

Em abril de 2009, quando ocupou a Fazenda Guassahy, como parte do chamado Abril Vermelho, o MST alegava que a área era improdutiva e estava em situação de abandono.

Uma lei municipal (n 4.444), de 2010, autorizou a prefeitura a doar parte da área pertencente à antiga Fazenda Guassahy para empresas do grupo Unimetal Participações - ao qual pertence a Brasil Carbonos S/A, proprietária de uma extensa área contígua ao terreno ocupado. A Petrobras Distribuidora é sócia do Grupo Unimetal no empreendimento.

Todos os anos, o MST realiza atos durante o mês de abril para relembrar a memória dos 19 camponeses mortos em 1996, no episódio que ficou conhecido como o Massacre de Eldorado dos Carajás.

Segundo o movimento, milhares de sem-terra estão acampados na Praça Sinimbu, em Maceió (AL), para cobrar a reforma agrária. Em Minas Gerais, um grupo de militantes fechou um trecho da rodovia BR-116, próximo a Frei Inocêncio (MG).

As lideranças do movimento disseram que famílias de trabalhadores sem-terra estão mobilizadas em Santa Catarina, Pará, Pernambuco, Piauí, São Paulo, Alagoas, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás, Ceará, Bahia, Paraná e Distrito Federal.

Cutrale

Na mesma hora em que os sem-terra agiam em Taubaté, cerca de 300 famílias integrantes do movimento ocupavam uma fazenda em Borebi (SP), a cerca de 450 quilômetros de distância.

Segundo o MST, os 2.500 hectares da Fazenda Santo Henrique pertencem à União e estão sendo usadas indevidamente pela Cutrale, maior exportadora mundial de suco de laranjas.

O MST já ocupou a área outras vezes. Só entre 2001 e 2014, foram 14 ocupações, com o objetivo de pressionar as autoridades públicas a destinar a área para a reforma agrária.

Em 2009, imagens de sem-terra usando um trator para destruir parte dos laranjais da fazenda levaram ao indiciamento de 21 integrantes do movimento.

De acordo com o MST, enquanto terras públicas são "griladas" por grandes empresas denunciadas por desrespeito aos direitos trabalhistas, cerca de 3 mil famílias de trabalhadores rurais sem terra estão acampadas apenas em São Paulo, sem ter onde morar e trabalhar, e à espera de uma solução por parte do Poder Público. No país todo, há, de acordo com o MST, cerca de 120 mil famílias acampadas, à espera de terra.

A reportagem entrou em contato com a Cutrale, que ainda não se pronunciou sobre a ocupação.

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