Mudas de eucalipto em fazenda da Suzano de Papel e Celulose: entidade afirma que o eucalipto geneticamente modificado traz ganhos de produtividade (Bia Parreiras)
Da Redação
Publicado em 5 de março de 2015 às 20h55.
São Paulo - A votação que ocorreria nesta quinta-feira na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) sobre liberação de plantio comercial de eucalipto geneticamente modificado da Futuragene, empresa da Suzano Papel e Celulose, foi adiada para abril após protestos de manifestantes contrários à tecnologia.
Cerca de 1.000 mulheres integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiram a sede da empresa de biotecnologia em Itapetininga (SP) e, em paralelo, manifestantes protestaram em Brasília no prédio da Agencia Espacial Brasileira (AEB), onde ocorreria a votação.
Segundo o MST, a invasão das mulheres, parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Camponesas, destruiu mudas dos eucaliptos transgênicos da companhia.
"A ação pretende denunciar os males que uma possível liberação de eucalipto transgênico pode causar ao meio ambiente", afirmou o MST em comunicado.
"Se aprovado pela comissão, o eucalipto reduziria sua rotação de seis a sete anos para, apenas, quatro anos. O gasto de água será maior que os 25 a 30 litros por dia por cada eucalipto plantado que se utiliza hoje. Estamos, novamente, chamando atenção para o perigo dos desertos verdes", afirmou Catiane Cinelli, integrante do Movimento de Mulheres Camponesas.
Segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que engloba a CTNBio, a votação foi adiada por motivos de segurança. Nova reunião sobre o pedido de autorização para o plantio do eucalipto transgênico está prevista para 9 de abril.
Além do eucalipto da Futuragene, a CTNBio analisaria pedidos envolvendo duas novas variedades de milho.
A Futuragene afirma que o eucalipto geneticamente modificado traz ganhos de produtividade da ordem de 20 por cento em relação ao eucalipto natural e é avaliado em campo pela companhia desde 2006. O ganho de produtividade se dá por conta do maior crescimento em altura e em diâmetro do eucalipto transgênico, o que resulta em maior volume de madeira produzido por hectare.
A indústria nacional de mel também se mostra contra a liberação, alegando que teria as exportações prejudicadas, diante da resistência de países europeus a organismos geneticamente modificados.
Segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, um dos grandes riscos da variedade transgênica de eucalipto é a contaminação de plantios convencionais da árvore que subsidiam grande parte da produção de mel no Brasil.
Procurada, a Futuragene afirmou que a invasão destruiu estufas, sistemas de irrigação e revirou mudas de eucaliptos que estavam sendo estudadas. Os manifestantes não chegaram a invadir os laboratórios da empresa.
"Todos os estudos exigidos pela CTNBio foram apresentados pela empresa. Tanto que chegamos à última fase de aprovação comercial", afirmou a Futuragene, acrescentando que ainda não é possível calcular o prejuízo material e tecnológico causado pela invasão.
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