Cláudia Cunha: "Ela tinha conhecimento cultural suficiente para saber a origem desses recursos" (Marcos Oliveira/Agência Senado/Agência Senado)
Agência Brasil
Publicado em 26 de maio de 2017 às 17h49.
A força-tarefa da Operação Lava Jato vai recorrer da decisão do juiz federal Sergio Moro, que absolveu a jornalista Cláudia Cunha no processo em que ela era ré junto com o marido, o ex-deputado Eduardo Cunha.
A afirmação foi feita hoje (26) pelo procurador do Ministério Público Federal (MPF) Carlos Fernando dos Santos Lima, durante entrevista coletiva para detalhar os pormenores da Operação Porto Seco, deflagrada na manhã desta sexta-feira.
"Nós vamos recorrer, nós discordamos [da decisão]. Cremos que isso decorre muito mais do coração generoso do juiz Sergio Moro na interpretação de um fato envolvendo a esposa de uma pessoa que sabidamente é ligado à corrupção", disse o procurador.
"Esperamos que no tribunal haja a reversão dessa absolvição".
Segundo Lima, a profissão e o nível cultural de Cláudia Cunha davam a ela condições para saber que os ganhos de Eduardo Cunha eram incompatíveis com o salário de deputado federal que ele recebia.
"Ela deveria saber, tinha indicativos suficientes para saber, tinha conhecimento cultural suficiente para saber a origem desses recursos. Portanto, ao gastá-los, ela cometeu o crime de lavagem [de dinheiro]", argumentou o procurador.
A força-tarefa também destacou que a Operação Porto Seco, deflagrada hoje para investigar a compra de um campo seco de petróleo em Benin, na África, está ligada ao casal.
"Parte dos valores, US$ 10 milhões, correspondente a mais ou menos um terço do valor da compra, foi repassada para operadores, chegando indiretamente até as mãos de Cláudia Cruz", explicou Lima. Segundo ele, parte destes valores abasteceu a conta usada pela jornalista para a compra de artigos de luxo.
A Agência Brasil aguarda retorno do escritório de advocacia que representa Cláudia Cruz para saber o posicionamento da defesa sobre as afirmações do MPF.