Índios mundurukus: iniciativa do MPF foi motivada pela denúncia de índios que afirmam ter sido agredidos por ao menos 500 pessoas, na manhã dessa terça (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)
Da Redação
Publicado em 14 de maio de 2014 às 16h04.
Brasília - Representantes do Ministério Público Federal (MPF) pediram à Polícia Federal e à Polícia Militar do Pará que adotem medidas para garantir a integridade da população de Jacareacanga, no sudoeste paraense, sobretudo dos índios mundurukus que vivem em aldeias próximas, espalhadas pelo Rio Tapajós e seus afluentes.
A iniciativa do MPF foi motivada pela denúncia de índios que afirmam ter sido agredidos por ao menos 500 pessoas, na manhã dessa terça-feira (13).
De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), entidade indigenista vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), entre os agressores havia garimpeiros, comerciantes e representantes da prefeitura.
Ainda segundo o Cimi, policiais militares presenciaram as agressões contra o grupo de 20 índios que se preparavam para deixar Jacareacanga, mas nada fizeram.
Na confusão, Rosalvo Kaba Munduruku e Francineide Koru Munduruku foram atingidos nas pernas por rojões que teriam sido disparados contra os índios.
Após saber das denúncias, o procurador da República em Santarém (PA), Camões Boaventura, anunciou que vai requisitar à PF que instaure inquérito policial para apurar os fatos.
Boaventura enviou ofícios à delegacia da Polícia Federal (PF) em Santarém e ao Comando-Geral da Polícia Militar (PM), em Belém, solicitando atenção para a situação de tensão.
“Solicito a intervenção deste comando junto à Polícia Militar em Jacareacanga, a fim de que haja efetiva atuação visando a controlar a situação e preservar a integridade física de todos os envolvidos”, diz ofício enviado ao comando da PM. Já à PF, o procurador pediu o imediato envio de reforço policial.
Os 20 mundurukus fazem parte do grupo de cerca de 200 índios que ocuparam a sede da prefeitura de Jacareacanga na última segunda-feira (12), em protesto contra a demissão de 70 educadores indígenas, todos mundurukus, cujos contratos de trabalho não foram renovados pelo município.
Pela mesma razão, os índios já haviam ocupado a Câmara Municipal e a Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desporto.