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Doleiro diz ao MPF que entregou malas de dinheiro a Geddel

A Justiça Federal de Brasília negou um novo pedido do Ministério Público Federal para que o ex-ministro retornasse à prisão

Geddel: o doleiro afirma que orientou sua mulher, Raquel Pitta, a continuar a atender as ligações de Geddel (Valter Campanato/Agência Brasil)

Geddel: o doleiro afirma que orientou sua mulher, Raquel Pitta, a continuar a atender as ligações de Geddel (Valter Campanato/Agência Brasil)

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Reuters

Publicado em 13 de julho de 2017 às 21h50.

Última atualização em 13 de julho de 2017 às 22h00.

Brasília/São Paulo - O Ministério Público Federal (MPF) de Brasília disse que o doleiro Lucio Funaro relatou em depoimento que fazia viagens com frequência para entregar malas e sacolas de dinheiro a Geddel, mas a Justiça Federal de Brasília negou um novo pedido do Ministério Público Federal para que o ex-ministro retornasse à prisão.

No novo pedido, os procuradores apresentaram também outros elementos ligados a depoimentos de Funaro, como por exemplo relatos de que o ex-ministro praticou o crime de exploração de prestígio ao supostamente ter exercido influência criminosa sobre o Poder Judiciário.

"Que o declarante (Funaro) fez várias viagens em seu avião ou em voos fretados, para entregar malas de dinheiro para Geddel Vieira Lima", afirma trecho do depoimento do doleiro transcrito na petição do MPF.

Em outro trecho do depoimento de Funaro, o doleiro afirma que orientou sua mulher, Raquel Pitta, a continuar a atender as ligações de Geddel, geralmente feitas após ela visitar o marido na cadeia e para sondar se Funaro poderia delatar, por temores de retaliações à sua família.

"Que embora possuísse uma amizade com Geddel Vieira Lima, e não houvesse manifestações expressas de uso de violência por parte dele ou de outra pessoa, essas ligações insistentes por parte de Geddel, provocava no declarante um sentimento de receio sobre algum tipo de retaliação caso viesse a fazer algum acordo de colaboração premiada, tendo em vista que Geddel era membro do primeiro escalão do governo e amigo íntimo do presidente Michel Temer", afirma um trecho do depoimento.

Geddel foi ministro-chefe da Secretaria de Governo de Temer e deixou o governo em novembro do ano passado, depois de ser acusado por Marcelo Calero, que acabara de deixar o comando do Ministério da Cultura, de exercer pressão para a liberação de um empreendimento imobiliário em Salvador em que tinha um apartamento.

Geddel chegou a ser preso no início deste mês acusado de tentar impedir que Funaro fizesse um acordo de delação premiado, mas deixou a prisão nesta semana por decisão do desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1) ter convertido a detenção dele em domiciliar.

"Assim, com os novos depoimentos, permite-se concluir que Geddel Vieira Lima e a organização criminosa da qual faz parte têm interesse explícito e evidente no silêncio de Lucio Bolonha Funaro, silêncio esse que, caso mantido, dificultaria a responsabilização criminal de Geddel e seu grupo", afirma o MPF na petição.

Entretanto, o juiz Vallisney Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, argumentou que atender o pedido do MPF e prender novamente Geddel afrontaria a decisão do TRF-1.

"Os fatos apresentados pelo Ministério Público não são novos e, sim, fazem parte do contexto que levou à concessão do habeas corpus em favor de Geddel Quadros Vieira Lima. Ante o exposto, por enquanto, indefiro o novo pedido de prisão preventiva", escreveu o juiz.

Vallisney, no entanto, pediu que Geddel, Funaro e a mulher do doleiro prestem novo depoimento para esclarecer os fatos usados pelo MPF para fazer o novo pedido de prisão do ex-ministro.

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