Brasil

MPF denuncia 12 por esquema de corrupção de servidores

De acordo com o Ministério Público Federal, as propinas começaram a ser pagas apenas em outubro de 1998 e perduraram até dezembro de 2002


	Fábrica da Alstom: para MPF, agentes ligados à Alstom do Brasil Ltda ofereceram propina aos servidores para conseguir aprovar, sem licitação, aditivo do contrato do Projeto Gisel 2
 (VEJA SP)

Fábrica da Alstom: para MPF, agentes ligados à Alstom do Brasil Ltda ofereceram propina aos servidores para conseguir aprovar, sem licitação, aditivo do contrato do Projeto Gisel 2 (VEJA SP)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de fevereiro de 2014 às 17h44.

O Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo denunciou 12 pessoas por envolvimento em um esquema milionário de corrupção de servidores públicos do estado.

Segundo a denúncia do MPF, feita na última sexta-feira (31), agentes ligados à empresa Alstom do Brasil Ltda ofereceram propina aos servidores para conseguir aprovar, sem licitação, um aditivo do contrato do Projeto Gisel 2 (Grupo Industrial para o Sistema da Eletropaulo).

O objetivo do projeto era modernizar a transmissão de energia no estado, por meio da ampliação das subestações de energia já existentes e da criação de novas subestações. Para que o aditivo firmado pudesse entrar em vigor, as vantagens indevidas oferecidas a servidores públicos chegaram a 15% do valor contratual.

A assinatura do aditivo ocorreu no dia 15 de julho de 1990 entre a Eletropaulo – que na época era estatal – e a Cegelec, empresa pertencente ao grupo Alstom. O valor original era 251.789.192 francos franceses. Atualizado, esse valor alcança R$ 181 milhões. O governador da época era Orestes Quércia.

“A Alstom ofereceu vantagens ilícitas para que o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo aprovasse a inexigibilidade de licitação para o 10º Termo Aditivo do Contrato Gisel”, disse em nota o MPF. O parecer do TCE foi favorável à inexigibilidade. A conduta dos agentes do tribunal está sendo apurada no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

De acordo com o MPF, as propinas começaram a ser pagas apenas em outubro de 1998 e perduraram até dezembro de 2002, durante a gestão dos governadores Mário Covas e Geraldo Alckmin. Para que esses valores fossem ocultados, foram firmados contratos de consultoria falsos, que não correspondiam a uma real prestação de serviços.


Também foram utilizadas offshores para lavar o dinheiro pago a autoridades e servidores públicos. O valor dessas operações é cerca de R$ 25 milhões atualizados. Segundo o MPF, participaram do esquema a MCA Uruguay, a Taltos LTD, a Splendore Y Associados e a Andros Management, empresas respectivamente sob a responsabilidade de Romeu Pinto Junior, José Geraldo Villas Boas, Jean Marie Marcel Jackie Lannelongue e Jean Pierre Charles Antoine Courtadon.

A denúncia, de autoria dos procuradores da República Rodrigo de Grandis e Andrey Borges de Mendonça, acusa de participar do esquema por corrupção passiva o então diretor financeiro da Eletropaulo e presidente da Empresa Paulista de Transmissão de Energia Elétrica (EPTE), José Sidnei Colombo Martini, e o então diretor técnico, Celso Sebastião Cerchiari.

Todos os denunciados vão responder pela prática do crime de lavagem de dinheiro. De acordo com o MPF, os acusados Jonio Kaham Foigel, Thierry Charles Lopez de Arias, Cláudio Luiz Petrechen Mendes e Sabino Indelicato respondem também por corrupção ativa. A instituição explicou que a denúncia ainda não foi recebida formalmente pelo Tribunal de Justiça e, por isso, não divulgou mais informações sobre os denunciados.

A Alstom do Brasil Ltda foi procurada pela Agência Brasil mas não retornou o pedido de posicionamento sobre o caso até a publicação da reportagem.

Acompanhe tudo sobre:AlstomCorrupçãoCrimecrime-no-brasilEmpresas francesasEscândalosFraudesMinistério Público

Mais de Brasil

STF pode rediscutir compensação da desoneração da folha, diz Haddad

Lula confirma Pedro Lucas como novo ministro das Comunicações após indicação do União Brasil

Revisão da vida toda do INSS: aposentados que receberam a mais não precisarão devolver valores

Haddad: Fazenda ainda não estuda ampliação de isenção de conta de luz