Brasil

MPF de São Paulo denuncia Lula e Boulos por invasão do tríplex do Guarujá

Ocupação do apartamento no Guarujá aconteceu poucos dias após a prisão do ex-presidente Lula em abril de 2018

MPF: justiça entende que Lula e Boulos devem responder por dano de propriedade (Adriano Machado/Reuters)

MPF: justiça entende que Lula e Boulos devem responder por dano de propriedade (Adriano Machado/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 29 de janeiro de 2020 às 16h29.

Última atualização em 29 de janeiro de 2020 às 16h30.

São Paulo — O Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo denunciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), pela invasão do apartamento tríplex do Guarujá, em abril de 2018.

A informação foi confirmada ao GLOBO por fontes do MPF. O caso está sob sigilo e o órgão disse que não pode fornecer informações. O apartamento foi ocupado por um grupo vinculado ao MTST poucos dias após a prisão do ex-presidente em Curitiba.

O MPF entende que Lula e Boulos devem responder por dano de propriedade. Essa conduta está tipificada no artigo 346 do Código Penal e prevê pena de seis meses a dois anos para quem "destruir ou danificar" coisa própria que está em poder de terceiro por decisão judicial.

Para o MPF Lula estimulou a ocupação. Em 24 de janeiro de 2018, logo após ter seu recurso negado e sua pena aumentada para 12 anos e um mês de prisão, o ex-presidente fez um discurso na Praça da República, em São Paulo, quando afirmou que pediu ao "pessoal do Boulos" para ocupar o imóvel.

"Se eles me condenaram me deem pelo menos o apartamento", disse Lula, na ocasião. "Eu até já pedi para o Guilherme Boulos mandar o pessoal dele ocupar aquele apartamento. Já que é meu, ocupem."

Em outro documento, o procurador Thiago Lacerda Nobre recomenda à Justiça que o processo seja desmembrado e que o ex-presidente responda individualmente. O pedido ocorreu porque a pena para o crime pelo qual Lula e Boulos estão sendo acusados é branda e, portanto, pode ser objeto de um acordo entre o MPF e os réus. Essa possibilidade, no entanto, não se aplica ao ex-presidente porque ele já foi condenado pela prática de crime que previa prisão.

"Assim, em atenção ao princípio constitucional da rápida duração do processo, e visando a imprimir celeridade no feito, posto se tratar de delito apenado com pena branda, e cujos fatos remontam a abril/2018, requer seja recebida, desde logo, a denúncia em relação a Lula, e por conseguinte, promovido odesmembramento do feito", afirma o procurador num trecho da peça do MPF.

Boulos reagiu nas redes sociais. Em sua conta pessoal no Twitter, o líder do MTST classificou o caso como "a nova farsa do tríplex".

"A criminalização das lutas nunca vai nos calar", escreveu Boulos.

Acompanhe tudo sobre:JustiçaLuiz Inácio Lula da Silva

Mais de Brasil

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP

Governos preparam contratos de PPPs para enfrentar eventos climáticos extremos

Há espaço na política para uma mulher de voz mansa e que leva as coisas a sério, diz Tabata Amaral

Quais são os impactos políticos e jurídicos que o PL pode sofrer após indiciamento de Valdemar