Brasil

MPF-AM denuncia desvio de R$ 50 mi destinados à saúde

A atuação do grupo foi descoberta pela Operação Maus Caminhos, deflagrada no dia 20 de setembro pela Polícia Federal com a participação da CGU

Amazonas: a organização criminosa tinha contratos firmados com o governo do Amazonas, em nome do Instituto Novos Caminhos (Embratur/Fotos Públicas)

Amazonas: a organização criminosa tinha contratos firmados com o governo do Amazonas, em nome do Instituto Novos Caminhos (Embratur/Fotos Públicas)

AB

Agência Brasil

Publicado em 24 de novembro de 2016 às 18h41.

O Ministério Público Federal do Amazonas denunciou 16 pessoas acusadas de envolvimento em um esquema de desvio de mais de R$ 50 milhões de recursos públicos da saúde do estado.

A atuação do grupo foi descoberta pela Operação Maus Caminhos, deflagrada no dia 20 de setembro pela Polícia Federal com a participação da Controladoria-Geral da União (CGU).

A organização criminosa tinha contratos firmados com o governo do Amazonas, em nome do Instituto Novos Caminhos, para a gestão de três unidades de saúde na capital e nos municípios de Tabatinga e Rio Preto da Eva.

Segundo o procurador da República Alexandre Jabur, que concedeu entrevista coletiva hoje (24), as investigações mostraram que não havia controle do estado em relação à gestão dos contratos.

"Tanto a contratação como a fiscalização dos trabalhos desse instituto foram falhas, no nosso modo de ver, porque nós tivemos afluxo muito grande de recursos e um controle pífio do governo do Amazonas desde o início até o momento da deflagração da operação. A responsabilidade dessas pessoas que eventualmente contrataram, assinaram alguns contratos e, inclusive, analisaram prestação de contas vai ser analisado com toda certeza", disse Jabur.

A denúncia é baseada, principalmente, em informações bancárias e fiscais, interceptação telefônica, contratos e em documentos obtidos nas buscas e apreensões.

De acordo com o procurador, chamou a atenção os altos valores de saques em espécie feitos pela organização e a vida de luxo dos integrantes, especialmente do médico e empresário Mouhamad Moustafa, acusado de ser o líder do esquema e que está preso.

As provas também revelam a participação de pelo menos 11 policiais civis e militares, que ainda não foram denunciados.

"Foi identificado que, por meio do uso de policiais civis e militares, essa organização se protegia e ao mesmo tempo utilizava esses policiais para finalidades ilícitas, como transporte de dinheiro sacado em instituições bancárias e até nós tivemos a notícia de um episódio de tortura de um membro da organização que havia roubado algum dinheiro da organização", informou o procurador.

Dos 16 denunciados pelo Ministério Público Federal do Amazonas, 12 estão presos. As penas dos envolvidos no esquema podem variar de 12 a 20 anos de prisão.

No caso do médico Mouhamad Moustafa, a pena pode ser superior por ele ter liderado a organização criminosa.

Após a Operação Maus Caminhos, a Secretaria de Estado de Saúde (Susam) suspendeu os contratos com o Instituto Novos Caminhos e assumiu a gestão das unidades de saúde. A reportagem solicitou um posicionamento da pasta e aguarda retorno.

Em nota, a Secretaria de Estado de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) respondeu pelas polícias Civil e Militar.

A pasta informou que, por se tratar de uma investigação sigilosa, ainda não teve acesso aos autos do processo, mas assim que receber, a Corregedoria Geral do Sistema de Segurança deverá tomar as providências cabíveis na esfera administrativa.

A SSP-AM declarou ainda que o mesmo procedimento deverá ser adotado pela Diretoria de Justiça e Disciplina da Polícia Militar para apuração na esfera criminal.

Mauro Martins, um dos advogados que representam o médico Mouhamad Moustafa, informou que também que não teve acesso à denúncia do MPF-AM.

Acompanhe tudo sobre:AmazonasMinistério PúblicoSaúde

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas