Polícia Militar do Rio de Janeiro: a jovem foi assassinada em agosto do ano passado (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 12 de janeiro de 2015 às 20h49.
Rio de Janeiro - A 9ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal, da 3ª Central de Inquéritos, oferecerá amanhã (13) denúncia contra o policial militar Márcio José Watterlor, pela morte da Haíssa Vargas Motta, de 22 anos.
Segundo o Ministério Público (MP) do Rio de Janeiro, o policial será denunciado pelo crime de homicídio doloso.
A jovem foi assassinada em agosto do ano passado, em Nilópolis, na Baixada Fluminense.
A ação policial que terminou na morte de Haíss durante uma abordagem policial veio a público no último fim de semana, com a divulgação de um vídeo gravado pela câmera do carro da Polícia Militar (PM) usado pelos policiais envolvidos na ação.
O vídeo foi divulgado no site da revista Veja, decorridos cerca de cinco meses da morte de Haíssa.
Ao comentar o caso, a Polícia Civil disse que os envolvidos na morte da jovem foram afastados de suas funções após o ocorrido e já respondem a inquérito policial militar, aberto pelo comando da corporação à época do ocorrido e já em fase de conclusão.
As imagens que revelaram as circunstâncias da morte de Haíssa foram analisadas hoje (12) pelo especialista em segurança Paulo Storani, ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope), em entrevista à Agência Brasil. De acordo com Storani, na ação os policiais desobedeceram a todos os protocolos estabelecidos pela PM, no que se refere à técnica de abordagem de veículos. Para ele, no momento em que o policial resolveu fazer a abordagem, baseado em uma fundada suspeita, poderia tomar a decisão, desde que essa fundada suspeita fosse baseada em um conhecimento técnico e na própria experiência do policial. A partir daí, ele deveria desencadear uma série de ações.
"Primeiro, teria que comunicar ao Centro de Operações da Polícia sua decisão de abordar, em que circunstância, qual era o veículo e qual a placa. Então, a instituição estaria ciente do tipo de abordagem que estava sendo feita. Esse procedimento foi totalmente desconsiderado. Em um segundo momento, eles [policiais] tinham que dar ciência aos ocupantes do veículo que estava sendo abordado que eles tinham de parar, o que não foi feito", explicou Storani.
De acordo com o especialista, os policiais descumpriram as normas da PM sobre situações de abordagem e, por isso, devem responder pela morte da jovem. Ele criticou a corporação por não fiscalizar adequadamente as ações de seus comandados: "essa prática, destoante de toda a teoria, de todas as técnicas estabelecidas, significa que falta acompanhamento do administrador, do gestor, do comandante desses policiais. O controle de desempenho é fundamental", afirmou.