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MP processa CET por permitir isolamento de áreas nobres

O MP pede que a Prefeitura reveja projeto implantado para traçar rotas alternativas que preservem zonas residenciais, em parceira com associações de bairro


	Guarda de trânsito da CET: a CET se defende dizendo que vizinhanças fora do eixo classe A da cidade também foram beneficiadas, como bairros Grajaú e Horto do Ipê
 (Marcos Santos/USP Imagens/Divulgação)

Guarda de trânsito da CET: a CET se defende dizendo que vizinhanças fora do eixo classe A da cidade também foram beneficiadas, como bairros Grajaú e Horto do Ipê (Marcos Santos/USP Imagens/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 30 de setembro de 2013 às 13h44.

São Paulo - Uma investigação da Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo da Capital concluiu que bairros nobres da cidade estão prejudicando o trânsito ao alterar vias e se isolar do resto da cidade, com apoio da Companhia de Engenharia e Tráfego (CET).

Na semana passada, o Ministério Público do Estado entrou com uma ação contra o órgão e a Prefeitura para rever o Programa Comunidade Protegida ou Moderação de Tráfego, implantado desde 2005 para traçar rotas alternativas que preservem zonas residenciais, em parceira com associações de bairro.

De acordo com o inquérito, rotatórias viram jardins e acesso a vias são bloqueados indevidamente, em prejuízo ao fluxo dos moradores no resto da cidade. A CET diz que "prestará todas as informações aos questionamentos que sejam feitos a respeito dos projetos de traffic calming(moderação de trânsito) implantados na cidade".

Segundo ela, vizinhanças fora do eixo classe A da cidade também foram beneficiadas, como bairros Grajaú e Horto do Ipê, no extremo sul da capital .

O pedido do MPE inclui o pagamento de indenização de R$ 10 milhões por bairro onde o programa foi implantado por danos causados à população, além de adaptar obras que tenham dificultado a passagem de veículos no prazo de seis meses.

Essas alterações deverão ser feitas após audiências públicas e estudos de impacto de vizinhanças - os gastos teriam que ser cobrados das associações de bairro.


Os ajustes viários feitos em bairros mais ricos seriam, além disso, "discriminatórios". O MPE apurou que o programa não foi implantado em São Mateus, Vila Carmosina e Cidade Tiradentes, apesar da solicitação de moradores. Ainda segundo o Ministério Público, o programa prevê financiamento pelos próprios moradores mas, em algumas localidades, havia dinheiro das subprefeituras, o que tornaria injusta a exclusão de áreas carentes.

Jardins

Uma das vias alteradas pelo programa é questionada pela Promotoria em uma ação própria, proposta também na semana passada. Segundo o inquérito civil, a Rua Sampaio Vidal, nos Jardins, zona oeste da cidade, se tornou mão única em outubro de 2006, em um dos trechos, após solicitação da Sociedade Amigos dos Jardins América, Europa, Paulista e Paulistano (Sajep).

A associação afirmou desconhecer a ação proposta pelo Ministério Público e não quis se manifestar. No entanto, representantes da Associação Jardim Paulistano, que se declararam a favor da intervenção na Rua Sampaio Vidal, negaram a existência de uma "comunidade protegida˜.

Segundo a Secretaria do Planejamento da Prefeitura de São Paulo, apenas 3,68% da área do Município constituem zonas exclusivamente residenciais, onde o programa Comunidade Protegida pode ser implantado.

"O programa atende, assim, parcela de reduzidíssima expressão quantitativa de moradores da urbe, em contraponto com o interesse difuso de circulação", afirma o promotor José Carlos de Freitas.

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